“No dia 04 de junho de 2014, minha esposa se despediu de mim e saiu para trabalhar em uma empresa do nosso Vale da Eletrônica.

Era sua rotina de todos os dias e quando chegava à empresa me ligava pra dizer que estava tudo bem ou para dar algum recado.

Nesse dia não ligou.Estranhei ,  achei que poderia ter acontecido qualquer  outra coisa , menos o que poderia estar acontecendo naquele exato momento.

 Como ela não retornou pra casa , procuramos as autoridades para denunciar o fato e começou o sofrimento de toda minha família.

 Procuramos em todos os locais possíveis e impossíveis onde ela poderia estar.Quando chegou uma notícia que uma pessoa semelhante a ela teria pego uma carona rumo a uma cidade vizinha , achei tão absurda a possibilidade , mas mesmo assim , torci pra ser verdade.

Quem sabe ela teria surtado e resolvera me deixar.Mas deixar também as duas filhas que eram tudo na vida dela , ela não teria só surtado, teria ficado completamente louca.

Mas tudo bem, surtada, louca , mas viva . . .

Mas era tudo boato.Fomos achá-la alguns dias depois, em um buraco , morta, totalmente desfigurada a pedradas , por um delinqüente.Esse sim , louco , mas não doente mental, louco pelo uso descontrolado de drogas.

E foi para conseguir mais drogas que ele não pensou duas vezes em fazer o que fez , quando viu que o  celular de minha mulher  poderia lhe servir de moeda para comprar drogas em qualquer esquina de nossa cidade.

É , por que hoje , cada pracinha , cada esquina , cada lote vago , é local para o consumo e vendas de drogas no Vale da Eletrônica.

Só não vê quem não quer , e entre eles , justamente quem deveria ver.

Só eu , minhas filhas , minha família , sabemos a falta que ela nos faz.Nas tarefas de escola das meninas, do aconchego e carinho de mãe nas horas mais difíceis , nas doenças.

Ela que também era companheira e ajudava a cuidar de meu pai , de 94 anos.

 Deixou as filhas órfãs numa idade que tanto precisam da mãe , uma de 10 e outra de 14 anos.

Há poucos dias passamos juntos , o pior dia das mães que alguém poderia pensar em ter.Que não desejo pra ninguém.

Um delinqüente , drogado , covarde , acabou  com uma família inteira.

Na minha fé , sei que ela está  em um bom lugar, na paz de Deus.

Agora é minha obrigação trilhar minhas filhas no caminho correto e fazer delas gente do bem.Elas tem um exemplo a seguir , a mãe delas , Márcia Oliva Mombelli  Moreira,  que tive a sorte de ter como mulher.

Me desculpem o desabafo , como não poderia deixar de ser , emocionado , mas não poderia deixar a data passar despercebida.

Agradeço as autoridades que até aqui nos ajudaram , ao nosso promotor que está trabalhando pra que se cumpra a lei e se faça justiça.

 E é o mínimo que nós da família queremos.Que o assassino pague , e muito bem pago , pelo que fez.

Que nossas autoridades se unam para combater a violência, os roubos , furtos e a falta de segurança de nossas ruas.

 Que todas as mães de nossa querida cidade , que a Márcia  tanto amava, mesmo tendo vindo de longe , possam sair para trabalhar de manhã, tendo a certeza que a tarde irão voltar para os braços de seus filhos.”

            João Batista Moreira, viúvo de Márcia Oliva Mombelli  Moreira, morta  em 04/06/2014.