Após sete dias, começa a desocupação do Morro do Bumba, em Niterói

Maioria das famílias que saíram da área de risco procurou abrigo na casa de parentes, mas muitos não sabem onde ir

Marcelo Auler, Gabriela Moreira e Pedro Dantas – Jornal Hoje em Dia

ANTONIO SCORZA

bumba

Procura por corpos de vítimas do deslizamento continua, mesmo com pouca esperança

No primeiro sábado após o deslizamento no Morro do Bumba,
em Niterói, no Rio, algumas famílias que ainda estavam na favela começaram a deixar as casas. A maioria procurou abrigo na casa de parentes, mas muitos não sabem para aonde ir.

Neste sábado (10), quatro corpos foram encontrados e o número de mortos chegou a 31. No entanto, os bombeiros ainda estimam que 150 pessoas estejam soterradas. No Estado todo, a Defesa Civil apontava, até o início desta tarde, um total de 216 mortos pela maior chuva que atingiu o Estado em 44 anos.

Um dos serviços mais procurados pelos moradores é o cadastro de casas, que foram abandonadas ou soterradas. O vigia Edson Santos, de 39 anos, ainda tinha muitas dúvidas. “Eu quero saber se vou ser indenizado. Onde vou morar?” De acordo com o coordenador da Defensoria Pública do Estado do Rio, Petrúcio Malafaia, todos os casos serão analisados e as vítimas serão indenizadas.

“Não temos a intenção de buscar culpados, mas vamos analisar como as famílias podem ser ressarcidas.” Já o Ministério Público Estadual anunciou que vai investigar a responsabilidade do poder público pela tragédia do Morro do Bumba.

O promotor Luciano Mattos, da Tutela Coletiva, Urbanismo e Meio Ambiente, quer saber por que a prefeitura não tomou nenhuma atitude, mesmo estando de posse de estudos da Universidade Federal Fluminense (UFF) que indicavam risco de desabamento nesse e em outros locais da cidade. Segundo Petrúcio Malafaia, também será aberto inquérito policial para apurar responsabilidades.

Durante a madrugada, os bombeiros encontraram, no Morro do Bumba, os corpos de Caíque Carvalho de Jesus, de 6 anos, e da avó dele, Nádia Regina Monteiro de Carvalho, de 49. Ele era filho da auxiliar de cozinha Sabrina Carvalho, de 26, que perdeu os pais, o avô e uma irmã no deslizamento. Sabrina conseguiu salvar apenas o filho Caíque, de 7 meses.

Após a denúncia de moradores, a Prefeitura de Niterói interditou o lixão do Morro do Céu. A Defesa Civil confirmou que houve na sexta-feira (9) dois deslizamentos e duas quedas de árvores na área. A prefeitura anunciou ainda a aquisição de 11 casas na favela para indenizar os moradores e retirar as famílias.

Cartilha

O Ministério da Saúde começou a distribuição de cerca de 400 mil cartilhas, por meio das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde do Rio, com orientações para a população atingida pela chuva sobre manuseio da água, dos alimentos e cuidados com a higiene pessoal.

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, explicou que o material contém dicas importantes para quem teve a casa invadida pela água ou quem esteve em contato com a água da chuva. O manual também ensina sobre prevenção e destaca os sintomas das doenças mais comuns.

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