Num pronunciamento que durou exatos oito minutos, o governador Aécio Neves (PSDB) anunciou, às 15h30 de quinta-feira (17), no Palácio da Liberdade, em BH, que desistiu, oficialmente, de manter sua pré-candidatura à Presidência da República em 2010. Depois de ter passado toda a manhã, reunido com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), no Palácio das Mangabeiras, Aécio limitou-se a comunicar a desistência, não fechando as portas para uma possível candidatura à Vice-presidência ou ao Senado.

Nas três páginas de seu discurso, o governador, resignado e sem fazer muitos gestos, resumiu o sentimento de meses de disputa interna com a ala tucana paulista, atribuindo a desistência ao fato de não ter conseguido viabilizar seu projeto no prazo necessário para uma futura candidatura. Aécio queria uma decisão do partido para o final do ano. Os indicadores das pesquisas, em favor do governador de São Paulo, José Serra, também motivaram a decisão. “O que me propunha tentar oferecer de novo ao nosso projeto, no entanto, estava irremediavelmente ligado ao tempo da política que, como sabemos, tem dinâmica própria. E, se não podemos controlá-lo, não podemos, tampouco, ser reféns dele”, disse.

Aécio decidiu antecipar em alguns dias uma decisão, que tomaria no final do ano, ou início de janeiro, em nome da “convergência” partidária, para facilitar o caminho do PSDB em 2010. O conteúdo do pronunciamento, que não contou com nenhuma menção ao nome de Serra, começou a ganhar forma no início da semana ao lado de interlocutores. Com a retirada de seu nome, o caminho, no PSDB, fica aberto para a candidatura de Serra. Os dois disputavam a indicação do partido. “Busco contribuir, dessa forma, para que o PSDB e nossos aliados possam, da maneira que compreenderem mais apropriada, com serenidade e sem tensões, construir o caminho que nos levará à vitória em 2010”, afirmou.

A expectativa, agora, é que o governador se lance ao Senado no ano que vem e priorize a sucessão em Minas, com o nome do vice, Antônio Anastasia. A possibilidade da sua participação como vice na chapa de Serra é pequena, apesar da pressão interna do partido. A dobradinha é defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique. “Ao deixar a condição de pré-candidato à Presidência da República, permito-me novas reflexões, ao lado dos mineiros, sobre o futuro. Independentemente da nova missão política, continuarei trabalhando para ser merecedor da confiança dos que partilham conosco uma nova visão sobre o Brasil”, disse em seu pronunciamento.

Lembrou ainda que defendeu o processo de prévias como passo importante para a revitalização da prática política, mas não teve respaldo. Apesar de decisão, o tucano garantiu que não abandonará sua “disposição” para colaborar com o partido. O mineiro fez também um alerta ao PSDB para não cair no confronto plebiscitário entre ele e o PT.