Empresas do Vale da Eletrônica encerram o ano com balanço positivo dos avanços em tecnologia, emprego e lucratividade

As indústrias do Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, terminaram o ano com saldo positivo de conquistas. De acordo com o presidente do SINDVEL – Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica, Roberto de Souza Pinto, 2024 foi um período que se equipara aos melhores últimos anos do Polo Tecnológico local, entre 2017 e 2019, com grande volume de compras, produção e vendas.

Vale da Eletrônica- Santa Rita do Sapucaí

“O ano de 2024 foi a grande retomada do Vale da Eletrônica. Um período de muita inovação tecnológica, volume de produção, contratação de mais funcionários, aquisição de novos equipamentos, além da ampliação e construção de novas fábricas ”, comemorou o presidente.

Um alívio para o setor produtivo local que, assim como o resto do mundo, amargou momentos difíceis durante a pandemia do Covid-19. Segundo o presidente do SINDVEL, as empresas do Vale da Eletrônica foram muito afetadas com a falta de matéria-prima e a paralisação do sistema da logística operacional, além do aumento disparado da tarifa de energia elétrica. Muitas dessas indústrias adquiriram dívidas longas no mercado financeiro, chegando a entrar em recuperação judicial, especialmente pela alta taxa de juros do mercado.

“Foi uma fase muito difícil. A retomada veio muito lenta e gradativa no segundo semestre de 2022, com custos de produção até quatro vezes maiores. A estabilização só começou em 2023, quando as matérias-primas voltaram aos valores reais, assim como toda a logística, e o reaquecimento das compras”, contou.

Para o presidente do SINDVEL, o segredo desta retomada está diretamente ligado ao fato de as empresas do Vale da Eletrônica terem continuado trabalhando durante este período de crise no desenvolvimento de novas tecnologias demandadas pelo mercado.“Todos continuaram persistentes no seu propósito e trabalhando com muita garra. E o resultado disso já está sendo colhido este ano e para 2025 estamos ainda mais otimistas. “, prevê Roberto de Souza Pinto.

Na visão dele, com os recursos da IA será possível proporcionar ainda mais velocidade no desenvolvimento de novos produtos, além de auxiliar na gestão das empresas nos processos de compra de matéria-prima e alavancagem das vendas. “Tenho certeza que 2025 será um ano de crescimento recorde para o Vale da Eletrônica”, antecipa o presidente.

Prova disso foram as empresas que participaram da Comenda Sinhá Moreira em 2024. Todas fecharam o período com avanços nas áreas de tecnologia, geração de emprego e faturamento.

Um exemplo é a Intelbras, que é líder na fabricação de câmeras de segurança na América Latina. A empresa registrou até novembro deste ano um crescimento de 42% no seu quadro de funcionários. Ela passou de 346 colaboradores, em agosto de 2023, para 492 nesse período. Crescimento esse registrado pelo Portal E-Social e que conferiu à Intelbras a Comenda Sinhá Moreira na categoria “Geração de Empregos” deste ano.

A Intelbras foi a empresa que mais gerou empregos no Vale da Eletrônica em 2O24 de acordo com o E-Social

Em 2023 o faturamento da Intelbras foi de R$4,1 bilhões e, em 2024, estima-se que ela feche o ano em R$4,2 bilhões.

Quem também comemora o crescimento no faturamento é o proprietário da Fractum Equipamentos Eletrônicos, André Vasconcelos Leite. No último ano a empresa aumentou seu lucro em 40%, o que segundo Leite está diretamente ligado aos novos segmentos que a Fractum passou a atender. A empresa, que tinha como seus principais mercados o setor de mineração e saúde, no último ano passou atuar nas áreas de saneamento e agronegócios, especialmente na gestão hídrica.

André Leite, diretor da Fractum – a empresa faz o monitoramento de 190 das 200 barragens de minério do país com risco de desabamento

“Nos últimos 12 meses nós duplicamos o número de clientes, que atualmente somam 150”, contou Leite, destacando que dobrou seu número de colaboradores neste ano.

O sucesso desse crescimento está relacionado principalmente ao desenvolvimento de uma tecnologia eficiente e de baixo custo criada pela empresa: um coletor de dados multicanal IoT que faz o monitoramento de diversos tipos de sensores em ambientes remotos com transmissão de dados até mesmo em locais com infraestrutura limitada. O equipamento atua em áreas de mineração, saneamento, agricultura, ou monitoramento ambiental, com intervalos a partir de 1 minuto. Essa tecnologia conferiu à Fractum Comenda Sinhá Moreira 2024 na categoria “Indústria Inovadora”.

Atualmente a empresa utiliza essa tecnologia para o monitoramento de 190 das 200 barragens de rejeitos de minério existentes no Brasil com risco de colapso.

Outra empresa do Vale da Eletrônica que se destacou este ano no mercado foi a Ativa Soluções Tecnológicas. Desde novembro ela é uma das principais responsáveis pelo gerenciamento remoto do sistema de distribuição de energia da Cemig em todo o Estado de Minas Gerais. Para isso, ela lança mão de um equipamento responsável pela coleta e tratamento de dados de sensores industriais, com transmissão das informações via rede celular 4G NB-IoT.

Essa mesma tecnologia a empresa emprega para o monitoramento dos segmentos de petróleo e gás, meio ambiente, infraestrutura, agricultura e saneamento.

Na edição da Comenda Sinhá Moreira deste ano a Ativa Soluções Tecnológicas apresentou para a avaliação da banca o “Titã IoT”, um equipamento que utiliza esse mesmo sistema de monitoramento com foco em saneamento.

A empresa, com com quase 200 produtos em seu portfólio, trabalha atualmente na finalização da construção da sua nova sede e, segundo o presidente e fundador da Ativa, Edson Rennó Ribeiro, prevê a expansão de seu quadro de funcionários em breve.

A Qualitronix é outra empresa do Vale de Eletrônica em processo de expansão. Em breve ela passará de 7 mil m2 para 11 mil m2 construídos. Crescimento que está sendo acompanhado pelo seu faturamento, que aumentou 13% neste último ano.

A empresa, de acordo com dados do E-Social, também foi selecionada no critério de “Geração de Empregos” para a Comenda Sinhá Moreira 2024. Nos últimos 12 meses ela passou de 200 para 360 funcionários.

Na Comenda Sinhá Moreira deste ano a Qualitronix levou para avaliação da banca a “Tomada Protector”, um produto que traz como diferencial um software inteligente que faz o monitoramento constante dos eletroeletrônicos (sobretensão e subtensão), oferecendo mais segurança e proteção aos equipamentos.

“A Qualitronix promove constantemente novos investimentos em equipamentos, inovação, pesquisa e qualificação de profissionaisl”, contou o diretor da empresa, Pedro Prata Girão.

PREPARANDO A MÃO DE OBRA DO FUTURO – Com foco no amanhã, a Exxer se dedica agora ao desenvolvimento de equipamentos para a formação tecnológica da mão de obra do futuro no setor de Transição Energética, com soluções de educação para instituições de ensino. A empresa é pioneira em propostas didáticas nesse mercado, com produtos à frente do seu tempo em termos de necessidades.

Sua última novidade, que inclusive foi avaliada pela banca técnica da Comenda Sinhá Moreira deste ano, foi seu primeiro produto com foco no hidrogênio verde. Uma bancada didática com know how destinado à formação profissionalizante, visando as energias renováveis. Esse equipamento já foi vendido para um instituto federal do Ceará, que está preparando os profissionais que vão atuar junto a este mercado que promete gerar uma das futuras commodities energéticas do Brasil: o hidrogênio verde.

“Essa nova possibilidade de se gerar hidrogênio verde a partir de energias renováveis vêm ganhando destaque e sendo chamada de ‘Nova Industrialização’ do país. Inclusive é uma visão defendida pelo vice-presidente Alckmin, que trabalha no plano da Neo Industrialização do Brasil, que tem como foco o protagonismo do país na utilização das energias renováveis, principalmente o hidrogênio verde”, contou o CSMO da Exxer, César Alckmin.

Mas o portfólio da Exxer conta ainda com muitos outros itens. A empresa tem hoje cerca de 70 produtos no mercado com uma linha de equipamentos destinados para o ensino prático de profissionais do futuro em áreas diversas como: automação, mecânica, Indústria 4.0, robótica, eletrônica, telecomunicações, entre outras.

A empresa surgiu há menos de 3 anos da junção de 2 empresas líderes no mercado em que atuavam na época: Exsto e Labtronix, ambas com 20 anos de tradição. Uma parceria de sucesso que pode ser comprovada pelo seu faturamento, que cresceu cerca de 500% em cima do lucro conjunto das empresas após o processo de fusão; e hoje conta com 85 colaboradores.

Comprovando que a experiência também representa sucesso de mercado, a Marte Científica, fundada há 75 anos, está em Santa Rita do Sapucaí há 30 anos. Uma empresa que atuava no ramo de balanças convencionais, e atualmente tem investido em tecnologia para o desenvolvimento de balanças científicas; que são equipamentos mais precisos destinados especialmente à área farmacêutica e análises laboratoriais.

Um dos seus destaques é o “ORM”, um equipamento que faz a osmose reversa da água com sensor de monitoramento, o que permite a retirada de todos os minerais e contaminantes, além de fazer o controle da qualidade do líquido. O produto conta com um sensor que faz o monitoramento e a indicação da qualidade da água e foi o escolhido pela empresa para a avaliação da banca técnica da Comenda Sinhá Moreira deste ano.

“Nesse último ano investimos em tecnologia de eletrônica embarcada aplicada em balanças, em osmose reversa, além de investimentos em outras áreas no mercado em que a Marte está inserida”, contou o gerente de Desenvolvimento da empresa, Luciano Uemura.

Avanços tecnológicos que vem refletindo no crescimento da empresa. Neste ano, a Marte Científica apresentou um aumento de 8% em seu quadro de colaboradores em Santa Rita do Sapucaí, passando a atuar com 55 funcionários, e fechou seu faturamento em R$ 3 milhões.

MUDANÇA PREOCUPANTE – No entanto, na visão do presidente do SINDVEL, todos esses avanços podem estar ameaçados pela possibilidade da redução na jornada de trabalho no país. “Estou muito preocupado com a aprovação dessa redução, que para mim representará uma pandemia econômica no Brasil”, avaliou.

Na visão dele, a PEC que tramita no Congresso para a redução da jornada de trabalho no país vai repercutir drasticamente em todo o setor produtivo, especialmente para as pequenas e médias empresas, que já atuam com margens apertadas e teriam ainda mais aumentos nos custos operacionais.

“A globalização gerou uma grande competitividade no mercado e reduzir a jornada de trabalho seria contraproducente e geraria um grande efeito dominó em toda a cadeia produtiva, especialmente junto ao consumidor final, que poderá pagar até 30% mais caro em todos os produtos que consome. Até mesmo em itens de necessidade básica, como alimentação e medicamentos, já que as empresas terão seus custos de produção aumentados”, alertou o presidente do SINDVEL.

Ele acredita que mudanças desta natureza precisam ser amplamente discutidas e planejadas junto a todos os agentes envolvidos com o objetivo de pensar alternativas viáveis para todo mundo. “Também é necessário se atentar que muitas áreas demandam profissionais especializados, como é o caso dos eletroeletrônicos, e que não existem em larga escala no mercado. Além de tantos outros setores vitais, como o de saúde e segurança, que também seriam afetados na sua produtividade e preço final à população”, considerou.

ASCOM SINDVEL

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