Homenagem aos 100 anos de falecimento de Dr. Delfim Moreira da Costa Ribeiro

Amanhã, dia 1º de julho, A Prefeitura Municipal, o COMPAC – Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural e a Secretaria de Esporte, Cultura, Lazer e Turismo realizam homenagem aos 100 anos de falecimento de Dr. Delfim Moreira da Costa Ribeiro na Praça Delfim Moreira.

Programação:

09h00 – homenagem com colocação de flores no busto de Delfim na Praça Delfim Moreira

17h00 – Exibição do registro audiovisual sobre a vida de Delfim Moreira

17h30 – Live musical na varanda do Museu.

Fizemos um estudo sobre a vida deste grande estadista que, além de ter sido o homem que exerceu a maior quantidade de cargos de relevante importância no cenário político e judiciário do país, contribuiu enormemente para o desenvolvimento da agricultura, da educação, construção de estradas e pontos, aumento da exportação e para a economia.

Conheça um resumo de sua história:

Delfim Moreira da Costa Ribeiro, nasceu a 7 de novembro de 1868, na Fazenda da Pedra, em Cristina. Ainda muito jovem, seus pais Antônio Moreira da Costa e Maria Cândida Ribeiro _ mudaram-se para Santa Rita do Sapucaí, onde foram residir na Fazenda Pedra Redonda, hoje fazenda Moreira. Aí, o futuro estadista fez suas primeiras letras no Colégio Padre Francisco Fraissat, prosseguindo no Colégio Mendonça, em Pouso Alegre, revelando grande inteligência e franca inclinação para as letras, foi estudar no Seminário de Mariana- MG, onde concluiu seus preparatórios. Delfim Moreira contava sempre como foi difícil essa etapa de sua vida. Para chegar à Mariana, seu pai fornecia animal para a viagem e, além disso, um cargueiro para o transporte das malas e um empregado para acompanhá-lo.

Certa vez, mandou-lhe o pai, maior quantia em dinheiro para todas as despesas de regresso. Aconteceu, porém que, no caminho, tendo deixado aberta a mala, ao retirar dela ferraduras e cravos para ferrar os animais, ficou desapontado ao vê-la desfalcado de todo dinheiro que havia recebido. Muito apreensivo temendo as complicações que poderiam surgir de tão grave descuido, dirigiu-se à fazenda do colega que o acompanhava. Ali a mãe do rapaz, penalizada com o sucedido mandou preparar a matula que desse para todo o resto da viagem. Ele, porém muito novo e inexperiente, começou por comer as carnes, deixando o arroz e feijão para a última etapa, quando chegou a vez destes, já estavam azulados de tão velhos e mesmo assim, foram devorados com grande apetite! Era essa uma das lições que gostava de citar aos filhos, quando os via recusar alguma iguaria à mesa. Dizia então: “Comam, meninos, nada faz mal, pois, não estão vendo que quem comeu até arroz azulado aqui está rijo e forte!”.

Regressando do Seminário, manifestou ao pai o desejo de não mais prosseguir nos estudos. Seu pai , laborioso lavrador, com grande experiência da vida e tenacidade do trabalho, em silenciosa indagação respondeu-lhe: “reflita melhor e volte amanhã”. No outro dia, o Seminarista voltou com a mesma resolução. Seu pai, homem de ação, magoado com a decisão do filho disse-lhe secamente: “todos precisam ter uma profissão e a vista do que me dizes, não tenho outra senão a minha para dar-lhe. Trabalharás na fazenda como eu faço”. No dia seguinte, seu pai preparou as ferramentas (foice, machado, enxada etc…) que em lugar dos livros seriam manejados pelo seminarista.

Este, brioso, dotado de energias do pai, mourejou pela lavoura, de sol a sol ao lado dos escravos, levantando-se de madrugada e deitando após os serões, costumes da época. Durante um ano, labutou nos rudes trabalhos do campo, até que o lavrador Francisco Ferraz, grande admirador de suas virtudes de inteligência e de coração, convenceu-o, a pedido dos pais, a continuar os estudos. Essa lição paterna, profunda de ensinamentos, abriu as portas da carreira de Delfim Moreira, que no contato com a terra, na brutal luta da lavoura, ouvindo e observando os elementos rudes, bem cedo teve o seu espírito despertado para um profundo amor a instrução. Matriculou-se, então, no Colégio Ivaí, antigo Colégio Joaquim Carlos, de São Paulo, onde concluiu o curso ginasial. Grande conhecedor de latim, teve nesse Colégio, séria divergência com o Professor da Matéria. Não tendo o diretor competência para resolver o assunto, a solução foi dada por um abade erudito no assunto, sendo então dispensado o professor e Delfim Moreira foi convidado a assumir a cadeira.

Em 1886, matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo onde fez um brilhantíssimo curso, tendo ali fundado em 1888 o Jornal República Mineira e 21 de Abril, este com Pinto de Moura e Estevão Lobo. Além desses jornais trabalhou em outros periódicos do interior paulista e mineiro, fazendo intensa propaganda republicana. Em dezembro de 1890 diplomou-se, conquistando o grau de Bacharel em ciências Jurídicas e Sociais. Sabia de cor vários trechos do Manifesto de 1870 e tinha verdadeira admiração pelos que assinaram o histórico documento. Era possuidor de uma memória invejável e cultivava com fervor as idéias republicanas que naquele tempo dominavam a nação.

Em 1891, um ano após diplomado, casou-se em Santa Rita do Sapucaí, com D. Francisca Ribeiro de Abreu, sua prima. Logo depois de formado foi nomeado Promotor público de Santa Rita do Sapucaí e, após um ano passou a Juiz Municipal. Foi depois nomeado promotor público de Pouso Alegre, prestando relevantes serviços à magistratura pela sua capacidade intelectual e de trabalho. Era presidente da Câmara Municipal de Santa Rita do Sapucaí em 1894, quando foi apresentado e eleito deputado Estadual pela 3º Circunscrição, na 2º Legislatura do Congresso Mineiro, quando era Presidente do Estado o venerando Bias Fortes. Aí começou sua carreira política. Foi reeleito em 1898 e 1902, assumindo o cargo de Secretário do Interior a convite de Francisco Sales – então Presidente de Minas Gerais.

Em 1906 foi eleito Senador Federal e então ocorreu um fato inédito: estava com 38 anos de idade nessa época e achou-se muito novo para ocupar o cargo, que em sua opinião deveria ser ocupado por pessoas mais idosas. Muito chocado veio para Santa Rita, onde recolheu-se à Fazenda do Turvo, pertencente a parentes seus. Lá esteve muitos dias sem se barbear e sem cortar os cabelos. Indo visitar sua mãe na fazenda da Pedra Redonda, disse logo ao chegar: “Venha minha mãe cortar os cabelos deste velho Senador”…

Dois anos depois, isto é em 1908 foi exercer suas atividades na Câmara Federal.
Em 1910 no governo do Dr. Júlio Bueno Brandão foi convidado a exercer novamente a Secretaria do Interior do seu governo.

Em 1914 foi Delfim Moreira eleito Presidente do Estado de Minas Gerais, em cujo posto soube elevar o seu nome, prestando relevantes serviços ao Estado, que ainda hoje guarda marcos profundos da sua administração fecunda e feliz. Foi um batalhador infatigável pelas coisas da instrução e nesse sentido teve até um pequeno incidente com o Dr. Raul Soares então Secretário do seu Governo.

Desejando fundar no Estado muitas Escolas Técnico Profissionais, para o preparo técnico, intelectual e físico dos operários, foi abrindo créditos avultados. O Secretário Dr. Raul Soares, achando que o Estado não suportaria tais despesas e temendo uma bancarrota, o Presidente o advertiu e sorrindo disse-lhe: “Quando em Minas não houver mais analfabetos e na terra fertilíssima toda gente souber manejar uma ferramenta, haverá trabalho para todos e, com ele, prosperidade, bem estar e riqueza”.

Mais tarde Raul Soares veio a compreender que somente aquela citação representava um verdadeiro plano de governo. Santa Rita do Sapucaí, terra que ele amou com devoção como se aqui fosse nascido, muito lhe deve, pois no seu governo é que se criou o Instituto Moderno de Educação e Ensino, trazendo para dirigi-lo o grande educador João de Camargo. Antes de deixar o Governo de Minas, foi eleito Vice- Presidente da República para o quadriênio 1918-1922.

Após oito anos de atividades ininterrupta , terminou o governo de Minas com a saúde já muito abalada. Veio para Santa Rita animado pela esperança de repouso. Dois meses depois, às vésperas de 15 de novembro de 1918, aqui apareceu um membro da família do eminente Conselheiro Rodrigues Alves, para dizer-lhe que o presidente eleito, por estar enfermo, não podia assumir a chefia da nação. Pedia-lhe que o fizesse. Delfim Moreira, rigoroso cumpridor de seus deveres, partiu para a Capital Federal, contrariando conselhos dos médicos e familiares.

Devido à enfermidade e morte do Presidente eleito Rodrigues Alves- tomou posse na presidência da República no dia 15 de novembro de 1918. Ficou apenas 9 meses nesse cargo, tendo deixado traços de sua passagem principalmente no Rio de Janeiro, então Capital da República. No Bairro de Ipanema existe um marco comemorativo de seu Governo e uma Avenida que perpetua seu nome. Embora com o organismo combalido, não tinha perdido o bom senso que lhe era inato. Com a escolha de auxiliares notáveis, realizou-se em 9 meses um governo que valeu por um quadriênio.

Ao deixar o cargo de Presidente da República em 1919, passando-o ao eleito Epitácio Pessoa, recolheu-se adoentado e enfraquecido ao seio de sua família, em sua casa em Santa Rita do Sapucaí, onde faleceu em 2 de julho de 1920, contando apenas com 52 anos de idade.
Santa Rita do Sapucaí prestou-lhe as maiores homenagens que uma cidade pode prestar a um filho ilustre. Seu sepultamento foi acompanhado pela totalidade da cidade, com o comparecimento de autoridades estaduais, federais e municípios vizinhos. Seu corpo repousa no jazigo da Família Moreira, pequena capela mandada construir por sua mãe em 1905.

Numa das praças de Santa Rita do Sapucaí, justamente aquela que leva o seu nome, onde se ergue seu busto, em bronze está impressa uma de suas mais sugestivas frases:

“FAZEI TODO O BEM POSSÍVEL SOBRE A TERRA PARA QUE AS GERAÇÕES FUTURAS VOS ABENÇOEM A MEMÓRIA”.

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