Defensores do patrimônio histórico protestam após retirada da Maria Fumaça

A Maria Fumaça de Pouso Alegre foi retirada do local onde ficava. A prefeitura diz que essa foi uma determinação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A locomotiva vai para a Bahia. Para quem sempre defendeu a preservação das ferrovias, é difícil de acreditar no que aconteceu.

“Por que tiraram um patrimônio tombado, é um patrimônio histórico nosso”, disse a fundadora da Associação Amigos do Trem, Inês Coutinho.

Para moradores, a locomotiva é parte da história de Pouso Alegre. “A gente fica sentido, porque depois de praticamente sete, oito anos para montar, agora abandonar assim”, disse o aposentado Tarcísio Silva Santos.

A locomotiva foi retirada nesta quinta-feira(01). A Maria Fumaça ficava no trevo de entrada de Pouso Alegre para quem chega pela BR-459. A prefeitura informou que ela foi levada para restauração em São Paulo e que depois irá pra a Bahia, onde ficará no município de Castro Alves.

A Associação de Cultura e o Conselho de Patrimônio Histórico de Pouso Alegre afirmam que não foram comunicados sobre a decisão.

“Como é um bem tombado pelo patrimônio histórico, qualquer intervenção aqui deveria ser comunicada ao conselho, para que o conselho deliberasse se pode ou não pode ser feito”, disse o presidente do conselho Carlos Henrique Wolf Borges.

Os vagões permanecem no local. Eles estão depredados e sofrem há anos com vandalismo. Em 2013 e 2018, eles foram alvos de incêndios.

“Isso tem um impacto cultural, um impacto na história, na identidade de Pouso Alegre e tem um impacto no ICMS cultural, que são repasses do governo do estado para o município”, disse a tesoureira do conselho, Mariana Sayad.

Em nota, a prefeitura disse que no local de onde a maria-fumaça foi retirada, foi construída uma via que vai pegar do trevo, na BR-459, atravessar parte da cidade e chegar até o bairro Faisqueira, com o objetivo de desafogar o trânsito.

“A minha maior preocupação é justamente por aqui ser uma zona de proteção ambiental e garantida pela legislação federal inclusive, por conta do Rio Sapucaí ser um rio que pertence à legislação federal. No Plano Diretor de Pouso Alegre, na lei de zoneamento, está prevista essa zona de proteção ambiental e é uma área não edificável”, disse a arquiteta Fernanda Tersi Andrietta.

O investimento na nova via será de R$ 30 milhões.

G1 Sul de Minas

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