Áudios atribuídos a um funcionário da empresa responsável pela Zona Azul, em Lavras, mostram a suposta cobrança indevida do estacionamento rotativo. O funcionário já foi afastado das funções. Com base nos áudios, a Câmara de Vereadores entrou com uma ação no Ministério Público pedindo que seja investigado se esse funcionário ameaçou os agentes da empresa.
“Gente cola lá. Toda vez que você cola na p**** do carro aí a pessoa ‘ou, tá voltando’, aí eu falo ‘nunca parou’, entendeu? Ela quer ver se vocês estão fiscalizando. Pra gente que tá fiscalizando tem que colar o negócio no carro. É só isso. Se você tá vendendo pouco significa que a pessoa não tá tem parando. Cola. Cola e pronto, sai andando. Cola e vai andando. Cola e vai andando. Cola e vai andando”, diz o áúdio.
A conversa teria sido gravada em uma reunião entre o funcionário da empresa e agentes da Zona Azul. O conteúdo foi divulgado no início da semana pelo portal Lavras Online. No áudio, ainda há suspeita de que os agentes eram obrigados a cumprir metas. Em outra gravação, os agentes são até ameaçados.
“Hora que eu ver que tem menos de dez, eu cato a pessoa. Agora hoje vou acompanhar uma de longe. Eu quero ficar na cola o dia inteiro. Até eu pegar onde ela tá saindo, onde ela tá indo. Tô avisando vocês que eu vou fazer isso e vou mandar embora”, diz o funcionário no áudio.
Segundo o site da Prefeitura de Lavras, a arrecadação com a Zona Azul despencou em 2018. De janeiro a julho do ano passado foram arrecadados R$ 888,9 mil. Já no mesmo período deste ano, foram R$ 187,2 mil. Desse valor, 10% são repassados ao município.
“Percebe-se ali uma possível coerção, possíveis ameaças e até um possível assédio moral mesmo às funcionárias, que pela tratativa que nós podemos constatar nos aúdios, elas são meio que obrigadas a produzirem as notificações e principalmente prestarem informações errôneas para a comunidade, o que é muito grave”, disse o vereador Antônio Claret (PSD).
A prefeitura disse por nota que abriu um processo administrativo para apurar o caso. Já a empresa que faz a cobrança do estacionamento rotativo na cidade disse que também está abrigando os fatos e que o funcionário que aparece nas gravações já foi afastado.
O caso também chegou ao Ministério do Trabalho. A Câmara dos Vereadores protocolou nesta sexta-feira(31) uma ação civil pública pedindo a abertura de inquérito. Desde janeiro, a aplicação de multas por estacionamento irregular foi suspensa pela prefeitura. No entanto, a cobrança do estacionamento rotativo continua.
A prefeitura disse que já notificou a empresa “Sertel”. Em nota, a empresa disse que as agentes da Zona Azul só podem vender bilhetes de estacionamento e emitir avisos para veículos que estiverem estacionados de forma irregular. Já a aplicação de multas cabe aos agentes de trânsito municipais.


























