Existem vários heróis por esse mundo afora, enfrentando os momentos mais terríveis, vivenciando verdadeiros pesadelos.
Esses heróis estão presentes em uma das histórias mais impressionantes do poder da superação humana. Trata-se do que ocorreu após a queda de um avião com 45 uruguaios na Cordilheira dos Andes, em 13 de outubro de 1972.
Esse famoso episódio, chamado de “Milagre dos Andes”, é conhecido em todo o mundo e foi retratado inclusive em livro, filme e documentário.
Resumidamente, das 45 pessoas que estavam no avião, apenas 16 sobreviveram após
72 dias de dor, desespero e frio de 30 graus negativos.
Para matar a fome, tiveram que comer a carne dos próprios amigos e parentes mortos.
Quando perceberam que morreriam ali, pois as buscas haviam sido suspensas, dois deles (Nando Parrado e Roberto Canessa), sem saber direito onde estavam e para onde deveriam ir, caminharam durante 10 dias pela neve até encontrar socorro.
Vi várias vezes o filme e também o documentário que retrata essa história impressionante e quase inacreditável. E toda vez me comovo muito, ficando com
lágrimas nos olhos.
Superação, amizade, solidariedade, força de vontade, resiliência, coragem, criatividade, fé no futuro, improviso, tudo isso está ali.
Abaixo, palavras do sobrevivente Nando Parrado sobre o que ele vivenciou: “Naquele instante, todos os meus sonhos, suposições e expectativas de vida evaporaram no ar rarefeito dos Andes. Sempre considerara que a vida que é verdadeira, natural, e que a morte era simplesmente o fim dela. Mas lá, naquele lugar estéril, compreendi com uma terrível clareza de pensamento que a morte era a constante, a morte era a base, e a vida não passava de um sonho breve e frágil. Eu já estava morto. Já nascera morto, e o que eu achava ser minha vida era apenas um jogo que a morte me deixara jogar enquanto esperava a hora de me ceifar. No meu desespero, senti uma necessidade aguda e súbita da ternura da minha mãe e de Susy (sua irmã, que morrera juntamente com sua mãe no acidente de avião), do abraço forte do meu pai (que ficara no Uruguai). O amor pelo meu pai crescera no meu coração e percebi que, apesar da irremediabilidade da minha situação, a lembrança dele me enchia de alegria. Era impressionante: apesar de todo o seu poder, as montanhas não eram mais fortes que o meu apego a papai. Elas não conseguiram destruir minha habilidade de amar. Tive um momento de calma e clareza, e dentro dessa clareza de pensamento, descobri um segredo simples e aterrador: a morte tem um oposto, mas ele não é apenas a vida. Não é a coragem, a fé ou a vontade humana.
O oposto da morte é o amor.”



























