AS DUAS MALAS

Sandro Mendes

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Quanta verdade em apenas uma linha.
Com essa frase, Caetano Veloso disse tudo e mais um pouco na sua música DOM DE ILUDIR.

Vários artistas cantaram suas dores.

Roberto Carlos, na música TRAUMAS, numa alusão ao acidente em que perdeu a perna, diz que “durante o dia a gente tenta com sorrisos disfarçar alguma coisa que na alma conseguimos sufocar”. Curioso notar que se trata daquele que é considerado o Rei da música no Brasil. Pois é, até ele tem suas dores.

A dor está explícita na música SINA DE VIOLEIRO, de Renato Teixeira, uma composição
maravilhosa: “Por isso mesmo amigo é que eu lhe digo, não tem sentido, em peito de
cantor, brotar o riso onde foi semeada a consciência viva do que é a dor.”

O mineiro Paulinho Pedra Azul mostra sua dor em RECADO PARA UM AMIGO  SOLITÁRIO, ao dizer “quando chegar na sua casa e encontrar solidão, lembre de mim que também vivo só”.

Djavan, em Estória de Cantador, também fala da dor: “Pelos traços desse filho dá pra ver a minha estória, um sofrer que vem de longe, acobertado de glória”.
Mas, por outro lado, as delícias da vida também foram cantadas.

Beto Guedes diz na canção O SAL DA TERRA que “a felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver”.

Já o falecido Gonzaguinha, no seu maior sucesso, O QUE É, O QUE É?, dizia “Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita”.

Lulu Santos, em TEMPOS MODERNOS, canta “Eu vejo a vida mais clara e farta, repleta de toda satisfação que se tem direito do firmamento ao chão”.

Já Guilherme Arantes fala do amor e da felicidade: “E eu desejo amar todos que eu cruzar pelo meu caminho. Como eu sou feliz, eu quero ver feliz quem andar comigo”.
E Renato Teixeira e Almir Sater resumem tudo em TOCANDO EM FRENTE, quando cantam “Todo mundo ama um dia, todo mundo chora, um dia a gente chega e no
outro vai embora”.

De fato, a vida nada mais é do que uma viagem. E feita com duas malas. Em uma mala vão as dores. Na outra vão as delícias. Cada um de nós carrega as suas.

Sandro Mendes

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