Palestra sobre Freud e a música inicia trabalhos da Academia de Letras em 2017

O ano de 2017 começa para a Alca – Academia de Letras, Ciências e Artes de Santa Rita do Sapucaí no próximo sábado(18). O primeiro evento do ano será a palestra “Freud em tempo de valsa”, que será proferida pelo acadêmico, musicoterapeuta e conferencista Ricardo Abrahão. A palestra está marcada para as 19h no Auditório Aureliano Chaves no Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações. O preço da entrada é de 10 reais. “Não tenho dúvidas que começaremos as atividades de 2017 muito bem. Nosso colega de Academia vai abordar uma temática muito interessante, e suscitar debates e reflexões com este nível proposto é uma das obrigações de nossa casa”, comenta Evandro Carvalho, que ocupa atualmente a presidência da Alca.

Ricardo Abrahão conta que o interesse pelo tema proposto da palestra – a interação de Sigmund Freud, o “Pai da Psicanálise”, com a música vem do casamento de suas duas profissões e da época que estudava na Europa. “Estudei musicologia em Viena [Áustria], além de Berlim [Alemanha], e fiz uma grande pesquisa em musicologia e musicoterapia, justamente no lugar onde foi palco da Segunda Escola de Viena (Arnold Schoenberg, Alban Berg e Anton Weben) e berço da psicanálise. O interesse é a soma do exercício de minhas duas profissões simultâneas como músico e psicanalista. A escuta é um elemento comum entre as partes e, no fundo, estou escutando a musicalidade dos sintomas de meus pacientes. Muitos já abordaram sobre música e psicanálise, mas confesso que há uma singularidade no meu trabalho, o qual tem sido muito apoiado por colegas europeus que fazem parte do mesmo núcleo internacional ao qual pertenço. Há muito material em alemão ainda não traduzido. Estou começando a fazer traduções para que o Brasil tenha acesso a esse material”.

O acadêmico e músico Ricardo Abrahão durante evento da Alca em 2013. (Foto: Evandro Carvalho/Arquivo Alca).

O acadêmico e músico Ricardo Abrahão durante evento da Alca em 2013. (Foto: Evandro Carvalho/Arquivo Alca).

De acordo com Ricardo, Freud nunca realizou estudos sobre a música, ao menos diretamente. Mas não há dúvidas que o comportamento humano recebe influência musical, em todos os estágios. “É curioso Freud não ter escrito nada sobre a música especificamente, mesmo estando mergulhado numa cultura que respira música. Mas na minha tese ele é o único que conseguiu explicar-me o como a música se forma no cerne do comportamento humano, desde o processo de composição até o processo de escuta do admirador”.

Do processo inverso, a influência de Freud na música, Ricardo Abrahão fala do compositor Gustav Mahler. “Sabemos que Gustav Mahler se consultou com Freud sobre a angústia revelada em suas sinfonias. Sua esposa, Alma Mahler, se correspondia com Freud. Muitos artistas se consultaram com Freud. Temos que pensar que sua teoria era algo novo que foi sendo construído ao longo de sua vida. Talvez hoje seja mais fácil encontrarmos músicos inteiramente influenciados por Freud. A musicoterapia, por exemplo, depende e muito da teoria psicanalítica”.

Quando perguntado sobre a palestra, o musicoterapeuta fala de síntese ou dos estudos que realizou quando esteve na Alemanha e no Leste Europeu. Falou também de como gostaria que o público saísse depois do evento.  “Minha palestra é uma síntese de muitos trabalhos que realizei em outras palestras, especificamente nas academias de Berlim, Varsóvia [Polônia] e Budapeste [Hungria]. Ela é um trabalho que realizei na minha formação em psicanálise. Desejo que os ouvintes percebam o quanto a palavra fantasia é importante em nossas vidas pessoais e em comunidade. A fantasia é o elemento trabalhado em análise e em artes, portanto, é elemento que nos permite recriar nossas histórias de vida nos permitindo entendermos quem realmente somos”, conclui o acadêmico.

Mais informações pelo telefone (35) 9.9904-7933.ofere erasmo

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