Uma luva que converte a linguagem de Libras em som e escrita e uma pista fisioterapêutica que auxilia crianças com Síndrome de Down estão entre as inovações
Quatro invenções das áreas de saúde e segurança, premiadas em duas feiras realizadas na Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa – ETE FMC, em Santa Rita do Sapucaí, foram selecionadas para participar da 14ª Febrace – Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo, maior evento do setor para pré-universitários do Brasil, que ocorre em março de 2016, quando os projetos serão expostos para especialistas do Brasil e do exterior.
As invenções selecionadas concorreram com 250 projetos, apresentadas por mais de mil estudantes (divididos em grupos) do Ensino Fundamental, Médio e Técnico. Foram três dias de exposição em duas feiras de simultâneas de ciências e tecnologia: a 35ª Feira de Projetos Futuristas – ProjETE, com projetos de alunos da ETE; e a primeira Feira Estadual de Ciências e Tecnologia – Fecete, de estudantes de escolas públicas e particulares de 26 municípios de todo estado de Minas Gerais.
Um dos projetos premiados é voltado para pessoas com deficiência auditiva e é inédito no mercado, segundo seus idealizadores: uma luva sintetiza a linguagem de Libras e, por meio de um aplicativo desenvolvido pela equipe, faz a conversão para áudio e escrita, facilitando a comunicação entre o deficiente e pessoas que não compreendem a Libras. “Pretendemos desenvolver ainda mais o aplicativo para a Febrace, permitindo que o usuário consiga cadastrar novas palavras e movimentos. Além de desenvolver outro aplicativo, no qual uma pessoa fala alguma coisa e o dispositivo converte na linguagem de Libras”, explica a aluna Ana Clara de Souza.
A outra inovação, também da área da saúde, é uma pista interativa fisioterapêutica para crianças com Síndrome de Down. Como pessoas com essa deficiência precisam ter os cinco sentidos sempre estimulados, o grupo de estudantes desenvolveu uma pista para auxiliar o desenvolvimento da “marcha”, que futuramente serão os passos dados pelos pacientes com Down. Após uma pesquisa junto a APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, uma fisioterapeuta informou a dificuldade de realizar esse exercício de marcha, uma vez que as pistas com barras comuns não eram estimulantes. “Como o grupo já queria desenvolver um projeto para ajudar as crianças com Síndrome de Down, vimos ai uma grande oportunidade. Ao longo de 2015 desenvolvemos essa pista, que é mais colorida, emite luzes, tem texturas diferentes e um jogo de memória no final do percurso”, diz a aluna Alzira Baldoni. O mesmo projeto ainda registra as evoluções da criança, facilitando o acompanhamento dos fisioterapeutas, que podem indicar as melhores correções a serem tomadas.
Na área de segurança, a inovação premiada é um emissor de ondas sonoras capaz de apagar uma combustão provocada por líquidos inflamáveis. Após vários testes, o grupo conseguiu extinguir o fogo gerado por álcool etílico. “Com ondas sonoras, nosso aparelho desloca o oxigênio que alimenta o fogo. Sem oxigênio, não há fogo. Muitos especialistas ficaram impressionados, porque acreditavam que isso não era capaz de acontecer”, orgulha-se o aluno Igor Augusto de Oliveira. “Agora pretendemos estudar novas frequências, para que nosso projeto funcione para debelar combustões provocadas por outro tipo de líquidos inflamáveis, além do álcool”, finaliza.
Essas três invenções são da ProjETE. Um quarto premiado foi selecionado da Fecete. Um grupo da Escola Estadual Silvério Sanches desenvolveu um artigo científico que propõe a ColorPen, uma caneta capaz de identificar as cores e repeti-las por escrito e por áudio a uma pessoa daltônica. A ideia do grupo é integrar estudantes com essa deficiência nas cores e também permitir que realizem tarefas escolares que envolvam a identificação de pigmentos diferentes. A ColorPen possuiria dois sensores: de toque com a tarefa de ativar todo o sistema após ser pressionado e de cor para reconhecer a tonalidade em que se aponta. Em seguida, o alto-falante produzirá, por meio de sons, o nome da cor junto ao micro display.
Neste ano, varias empresas, como Inatel, Algar, Pixel, Clear TV e Ericsson e também a Prefeitura Municipal da cidade premiaram as criações, incentivando ainda mais os alunos. “Levar nossos alunos, e agora, selecionar projetos de escolas de todo o Estado de Minas para a Febrace é uma grande responsabilidade, que executamos com muito prazer. Nossa equipe de avaliadores sempre procura as ideias mais promissoras entre as 250 em exposição, para que esses projetos representem não só a ETE, mas o Estado de Minas nessa grande feira de engenharia que é a Febrace”, diz o professor da ETE, Fábio Teixeira Carli Rodrigues Teixeira.
ETE FMC – Desde a fundação em 1959, a ETE FMC (www.etefmc.com.br) passou a ser eferência em educação, por abrigar a primeira escola de eletrônica de nível médio da América Latina e a sétima no mundo, que atrai estudantes de todo o País. Atualmente, com cerca de 750 alunos, nos períodos diurno e noturno, oferece os cursos de Automação Industrial, Telecomunicações e Equipamentos Biomédicos, além de Ensino Médio Regular. A região é conhecida como o “Vale da Eletrônica” – referência ao Vale do Silício na Califórnia (EUA) – de onde muitos produtos e sistemas tecnológicos inovadores são lançados para o mercado nacional e internacional. Boa parte deles nasce dentro da escola.

























