Muita fumaça por nada

No Rio de Janeiro, muita gente está apelando para um serviço que, dizem os especialistas, não ajuda nada a combater o mosquito da dengue. Lembra o fumacê, aquele carro que passava pelas ruas jogando fumaça? Esqueça.

810995No Rio de Janeiro, a preocupação é tanta que muita gente está apelando para um serviço que, dizem os especialistas, não ajuda nada a combater o mosquito da dengue. Lembra o fumacê, aquele carro que passava pelas ruas jogando fumaça? Esqueça.

Todo mundo sabe que a doença é grave e que é preciso combater a dengue. Mas a sensação de que o culpado é o outro, de que o mosquito está sempre no quintal do vizinho, essa parece que não passa nunca.

A dona de um ferro-velho em Belo Horizonte, onde foram encontrados vários focos, já tinha sido advertida. Em uma nova inspeção, novos focos foram encontrados. Ela se recusou a assinar a autuação.

Lá vem o agente. Apoio? Ele que se vire… “O cachorro morde?”, pergunta um agente. “Se morder, o problema é o seu”, responde uma senhora.

Contra uma epidemia que depende da ação de cada um para acabar, há soluções que parecem boas. A fábrica de máquinas de fumacê funciona a todo vapor.

Os equipamentos não são baratos. Um deles custa quase R$ 40 mil. Estão vendendo três vezes mais por causa da dengue. Há encomendas de todo o Brasil para empresas que contam com sensações como a de segurança total.

Desde o início da epidemia de dengue, uma empresa de fumacê triplicou os contratos. Só um condomínio paga R$ 5 mil por mês pelo serviço. Trata-se de um dinheiro que, segundo especialistas, literalmente vira fumaça.

O infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edimilson Migowski, avisa: quem acha que combate a dengue com fumacê está desperdiçando recursos. O veneno lançado no ar é eficaz contra os mosquitos que vivem na rua, mas não combate as larvas e nem o Aedes aegypti, que vive dentro das casas, escondido em lugares escuros.

“A forma mais eficiente e mais segura de você matar o mosquito é matá-lo antes que ele ganhe asa. E é no criadouro, na forma larvar, dentro d’água. Se você derramar um balde com água, você mata 300 mosquitos de uma vez só. Para isso ser conseguido com pulverizador, com o carro do fumacê, é praticamente impossível”, alerta o infectologista Edimilson Migowski.

Difícil é convencer quem vê a epidemia avançar e alcançar amigos e parentes. Em todo o estado do Rio, já são 57 mil casos e 67 mortos.

O síndico de um condomínio sabe que não adianta usar o fumacê para combater a dengue, mas teve que se render aos apelos dos moradores, que preferem pagar caro pelo veneno, que não passa de uma cortina de fumaça contra o medo de um mosquito.

“As pessoas não confiam. Se elas não virem a fumaça, elas não acreditam que haja algum trabalho”, disse o sindico.

FONTE:g1.globo.com/bomdiabrasilZap Vale

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