Bioversidade: Saúde e Alimentação

As espécies, os ecossistemas e as plantas têm um direito à vida no nosso planeta. A única diferença é que eles não precisam de nós.

 As perdas dos recursos naturais afetam não apenas os ecossistemas, mas a qualidade da vida humana”

RIO – Em “A Primavera Silenciosa”, a bióloga dos Estados Unidos, Rachel Carson, escreveu um livro que se tornou símbolo do movimento ambientalista estadunidense nos anos 60 e serviu para alertar ao mundo sobre os perigos causados pelos pesticidas sintéticos. A “escritora da natureza”, como Carson ficou conhecida, continua atual e nos faz lembrar: Na ânsia de se obter o máximo de ganhos dos recursos naturais, perderemos, não apenas os campos que nos abastecem e, os pássaros, que nos encantam. Mas também, a nossa própria vida, aqui, na terra.

Na opinião de muitos participantes na Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada no Rio de Janeiro, este encontro, porquanto relevante, deverá ser modesto naquilo que se refere à produção de alguma declaração do mesmo nível dos documentos produzidos por ocasião da ECO-92.

Dentre os importantes acordos, destaca-se a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que foi assinada pela maioria dos países, mesmo que, mais tarde, não tenha sido ratificada por alguns, como os Estados Unidos.
Portanto, os veteranos de outras negociações acreditam que, na verdade, não precisamos de mais acordos, pois, muito já se foi discutido, escrito e assinado. O que precisamos, agora, eles insistem, é implementar e colocar em prática os acordos e convenções já alcançados.

Metas
Enquanto os negociadores na sessão plenária permanecem sem decisão, porque não conseguem chegar a alguma forma de consenso, os Grupos de Trabalho, que tratam de temas específicos, continuam as suas reuniões nos pavilhões do Riocentro e em outros locais de encontros paralelos espalhados pela cidade.

Um dos Grupos de Trabalho, o secretariado da Convenção sobre a Biodiversidade, apresentou na sexta-feira (15) o Plano Estratégico para Biodiversidade 2011-2020, incluindo as Metas Aichi (documento elaborado em Nagoia, no Japão), que prevê um programa de ação envolvendo as Nações Unidas e a comunidade global para “salvar a biodiversidade e os seus benefícios”. Este plano estratégico fundamenta as suas propostas nos benefícios que os recursos biológicos oferecem a humanidade, especialmente, na questão da saúde, fornecimento de água e alimentação.

O secretário executivo da CDB, Braulio Dias, ressalta que, as perdas dos recursos naturais afetam não apenas os ecossistemas, e as suas espécies correspondentes, como também, “tem consequências na qualidade da vida humana”.
Segundo ele, as perdas da diversidade biológica e da variabilidade genética das espécies, significa também, uma perda das nossas próprias opções, principalmente devido as mudanças climáticas.

Braulio Dias cita alguns exemplos de perdas da biodiversidade e a sua relação com a (comunidade) humana: “A (excessiva) poluição das zonas costeiras, priva os peixes de oxigênio e eles morrem. Como consequência, a dieta das pessoas dependentes destes recursos, fica pobre em proteína e isto gera uma nutrição inadequada”.

Para o representante da CDB, a preservação da biodiversidade no nosso planeta é fundamental para alcançar as três dimensões do desenvolvimento sustentável – econômica, social e ambiental – “porque, da natureza obtemos recursos econômicos, segurança alimentar, medicamentos, bem estar físico e identidade cultural.”

Conceito
Para assegurar os objetivos do Plano Estratégico para Biodiversidade, Dias aponta a colaboração com outras agências da ONU, como também, o “engajamento de vários parceiros da sociedade civil, o setor privado e empresarial”.

Outro defensor dos benefícios oferecidos ao homem pela biodiversidade, Carlos Corvalan, conselheiro sênior da Organização Mundial de Saúde afirma: “O conceito de saúde, como definido pela OMS, vai além da saúde física, para incluir também o bem estar mental e social”. E bem estar mental, ele acrescenta, “está ligado a espaços abertos e com vida”.

Segundo Corvalan, tudo aquilo que fazemos ao meio ambiente tem impacto direto na saúde humana. Ele cita como exemplo, o aumento expressivo de habitantes na cidade de Manaus, na Amazônia, num período entre 1975 e 2009, e como consequência, os impactos causados no meio ambiente e os seus efeitos na saúde da população.

Repórter : Milma Lannes Salles

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