Falaram que iriam nos colocar na fogueira”, diz refém de índios

Analista ambiental Marcos Ximenes Conde, de 26 anos, ficou em poder de tribo indígena por uma semana

O analista ambiental Marcos Ximenes Conde, de 26 anos, que ficou refém de uma tribo indígena no Mato Grosso, desembarcou na noite de domingo (23) junto com outros seis reféns na Base Aérea de Brasília (DF). O grupo foi resgatado na manhã de domingo por um helicóptero da Força Aérea Brasileira, depois que uma comissão de negociação da Secretaria Geral da Presidência da República entrou em acordo com os índios da tribo Kayabi. A EPTV acompanhou o desembarque do grupo com exclusividade. Assim que desceu do avião, o analista de Varginha disse que o grupo foi ameaçado pelos indígenas. “Em determinado momento disseram que iriam nos colocar em uma gaiola e depois na fogueira”, disse Conde.

Apesar das ameaças, os reféns foram bem tratados. “Foi muito difícil. O pior era a pressão psicológica que a gente sofria. Apesar disso nós tomávamos banho e comíamos normalmente. Ficamos na casa de um coordenador da Funai que trabalha no local. O pior era a falta de comunicação, pois eles cortaram o telefone para que nós não nos comunicássemos”, disse o analista ambiental.

Durante o desembarque, o secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que o governo não vai mais aceitar atitudes como essa. “Não pode virar moda essa história de sequestro. O Estado brasileiro, o governo brasileiro, não vai mais aceitar que esse método continue. Estamos felizes hoje, aliviados, e esperamos estabelecer com a população indígena um padrão de negociação que não leve a esse extremo, que é muito desgastoso, estressante e desumano”, disse o secretário.

Sequestro

Os índios aceitaram libertar os reféns depois que o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, acertou com eles a continuidade do processo de demarcação das terras índigenas dentro da área em que será instalada a Usina de São Manoel. Marcos Conde e outros dois funcionários da EPE, Empresa de Pesquisa Energética do governo federal, além de outros quatro homens da Funai (Fundação Nacional do Ìndio), chegaram à aldeia dos Kayabi, em Alta Floresta, na divisa entre o Mato Grosso e o Pará, na última segunda-feira (17), para fazer a apresentação de um estudo sobre os impactos da construção da Usina de São Manoel. Quando tentaram deixar o local, foram impedidos pelos índios.

As negociações estavam sendo feitas diretamente pela presidência da Funai, em Brasília. O assessor de imprensa da Prefeitura de Jacareacanga (PA), Nonato Silva, esteve na aldeia com a permissão dos índios. Segundo ele, os reféns passavam bem e não foram agredidos. Entre as reivindicações dos índios estavam a demissão do presidente da Funai e também do coordenador da Funai em Itaituba (PA), além da demarcação das terras das tribos Kayabi e Itapiaká. Outro pedido, que foi atendido, é a suspensão das audiências que tratam da construção da Usina de São Manoel, que fica próximo à aldeia.

Avatar de Desconhecido

About Giácomo Costanti

Email: danielicostanti@gmail.com
Esta entrada foi publicada em Notícias Policiais, Noticias de Minas Gerais. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário