Esta semana, folheando uma revista, li uma interessante publicação da organização Freedom House, que classificou o Brasil em 90º lugar no quesito liberdade de imprensa.

 Considerado “parcialmente livre”, o Brasil ocupa o 22º lugar em um total de 35 nações das américas, atrás dos países sulamericanos Uruguay (15º), Chile (16º) e Peru (21º). O relatório constata, ainda, que a liberdade de expressão sofreu um declínio em todo continente americano.

É de conhecimento público de que no Brasil um meio recorrente de freio à livre atividade de imprensa é a multiplicação de procedimentos judiciais para impedir a publicação de notícias desfavoráveis.

 Um caso atual e notório de censura vem sendo enfrentado pelo “Estado de S. Paulo”. O jornal está, há quase dois anos, proibido de publicar matérias a respeito da Operação Boi Barrica, que colocou Fernando Sarney (filho do José Sarney) no centro de um escândalo político.

Naturalmente, você que lê este texto tende a pensar: “mas este é um fato de São Paulo. Isto não acontece por aqui”. Engano seu, amigo leitor. Isto acontece sim em Santa Rita do Sapucaí. Acredite se quiser.

 Escrevo este texto por questão honra. Sou um mero “ninguém”, mas não conseguiria dormir sem me manifestar diante da tentativa de censurem este Blog e seus editores.

Para os que não acompanharam esta triste situação, o fato foi o seguinte: no dia 08 de setembro um cidadão (Filipe Barbosa Macedo) levou sua filha para atendimento no Pronto Atendimento Municipal, já que a criança necessitava de cuidados médicos. Na unidade de saúde o mesmo enfrentou diversos problemas para que sua filha recebesse o atendimento devido. Indignado com o ocorrido, Filipe escreveu um brilhante texto narrando a situação e publicou neste blog. Li a postagem e posso afirmar que não ofendia nem difamava ninguém, apenas opinava sobre um mau atendimento em um órgão público.

No dia seguinte, qual não foi nossa surpresa? No local da postagem um outro texto dizia: “FALA CIDADÃO – LIMINAR DETERMINA A RETIRADA DE MATÉRIA”.

Não acreditei na informação. Li e reli diversas vezes. Imaginava ser impossível isto acontecer na nossa amada terrinha.

 Inquieto, no dia seguinte procurei me interar sobre a referida liminar. Descobri que o autor da mesma era o médico que atendia no plantão em que tudo ocorreu. O profissional se sentiu lesado com o texto e pediu sua retirada imediata. O nome do médico? Não podemos dizer, pois a liminar também nos proíbe.

No lugar do médico eu faria diferente. Seria mais democrático. Entraria em contato diretamente com os editores do Blog e solicitaria um direito de resposta. Tenho certeza que seria concedido.

 É lastimável que a justiça ainda não entenda que uma das maiores garantias da democracia, bem como sua permanência, é uma total liberdade de imprensa. Entendo que a liberdade de expressão, principalmente sobre política e questões públicas, é o suporte vital de qualquer democracia.

Sabemos que no Brasil grandes vergonhas públicas foram denunciadas pelos meios de comunicação e depois apurados, para ao final, serem os meliantes punidos.

Agora, se a “verdade” for aquela que protege todo tipo de imoralidade e improbidade, devemos com força total e em grande tom demonstrar que “tal verdade” não serve para o cidadão honesto, pois é impossível querer impedir que tudo aquilo que é feito na escuridão não venha a ser conhecido na luz do dia.

Querer cercear a liberdade de imprensa é ferir de morte nosso regime democrático de direito. Querer calar a verdade é um retrocesso aos piores tempos da ditadura. Querer mudar ou ocultar a verdade é o mesmo que beneficiar os “lobos em pele de carneiro” que pregam uma imagem angelical, quando tem sérias e vergonhosas máculas pessoais.

Ninguém pode pensar que existe algum outro caminho melhor que a democracia. Por mais problemática que seja, a democracia tem condições de prosperar e evoluir. Devemos repudiar com energia, qualquer tentativa de impedir que os meios de comunicação retratem sempre a realidade de nossa cidade, pois eis em qualquer situação a verdade é sempre melhor que a mentira.

DEFENSOR DA ÉTICA