Prefeitura vai dar ajuda de custo de R$ 700 a R$ 2 mil para famílias atingidas pela enchente, como fez em 2009
Nesta quarta-feira, Marcio Lacerda visitou os locais atingidos pela chuva
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), fez nesta quarta-feira um mea-culpa sobre as enchentes que vêm assolando o município, admitiu que nem mesmo o R$ 1,1 bilhão que será investido até o ano que vem em obras para evitar alagamentos resolverá metade dos problemas identificados em 82 pontos da capital e anunciou que vai decretar estado de calamidade ou situação de emergência para garantir assistência às vítimas dos alagamentos.
O prefeito visitou o Bairro Primeiro de Maio (Região Norte), um dos mais afetados pelo temporal que levou ao transbordamento do Córrego do Onça, que passa sob a Avenida Cristiano Machado. Ouviu reclamações de vários moradores e chegou a ser confrontado por Maria Zeneide da Silva, 51 anos, que teve prejuízos com a inundação.
“É normal, nessa situação, as pessoas ficarem traumatizadas, revoltadas, sofridas. Temos que ouvir, aceitar, reconhecer nossas deficiências e trabalhar para superar e melhorar a cidade. Não houve hostilidade, mas expressões do sofrimento”, disse Marcio Lacerda. A PBH vai distribuir aos moradores colchões, cestas básicas e água sanitária. Também vai dar uma ajuda de custo para os prejudicados.
“Fizemos isso no ano passado, na região do Barreiro, para repor perdas importantes, como de aparelhos de TV, geladeira e roupas”, pontuou. A verba prometida, de R$ 700 a R$ 2 mil por família, será liberada em dezembro pela Caixa Econômica Federal, segundo Marcio Lacerda.
O prefeito negou que a Defesa Civil estadual tivesse alertado a PBH sobre o temporal da madrugada da última segunda-feira, o segundo mais forte em um mês de novembro em quase um século, segundo o Quinto Distrito de Meteorologia. E atribuiu a tragédia, que culminou em uma morte, a problemas estruturais da cidade, “que foi planejada e construída de forma absolutamente incorreta, desrespeitando a natureza”. “Trata-se de um erro de três ou quatro gerações e não podemos, agora, encontrar responsáveis, pessoas físicas”, disse.
O chefe do Executivo argumentou, ainda, que a meteorologia é uma ciência falha. “Infelizmente, houve erro de previsão. Os novos radares têm alcance de 250 quilômetros e vão prever, com 2 horas de antecedência, as enchentes. A prefeitura não falhou. A previsão meteorológica não justificava uma ação emergente”.
O prefeito lembrou que foram instalados 37 núcleos de alerta contra enchentes em 2009 e garantiu que outros 30 pontos serão monitorados. O Governo do Estado, por meio da Cemig, vai comprar um radar meteorológico que entrará em operação em 2011.
Marcio Lacerda garantiu ainda que uma de suas promessas de campanha, a aquisição de 30 equipamentos de alerta contra inundações, será cumprida em breve. Segundo ele, 12 já foram adquiridos e o restante está retido na alfândega do Uruguai.
O prefeito garantiu que falou diretamente, com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, por telefone, pedindo agilidade na liberação dos equipamentos. Os aparelhos foram fabricados e importados da França. A central de monitoramento funcionará na Cidade Administrativa.
Os R$ 5 bilhões necessários para solucionar os problemas de alagamento não tardarão a chegar, assegurou o prefeito. “Já temos R$ 1,1 bilhão. Conseguiremos o restante com o Governo federal, por meio de empréstimo, nos próximos dois ou três anos”.

























