Por Evandro Carvalho
Dilma Rousseff (PT) é a primeira mulher eleita presidente do Brasil, depois de uma jornada bastante difícil na campanha eleitoral. Quando assumiu o Ministério da Casa Civil, substituindo José Dirceu, Dilma era então uma ilustre desconhecida. Na oportunidade ninguém falava ainda em sucessão, mas poucos acreditavam no nome dela para tal empreita. Não há dúvidas de que a aposta de Lula no nome Dilma foi alta e arriscada. Lula apostou em seu próprio carisma e prestígio, e acertou. E lembrar que Lula perdeu três eleições e teve índices altíssimos de rejeição em outros tempos.
Com tamanha popularidade de seu cabo eleitoral de luxo, Dilma Roussef quase saiu vencedora das eleições ainda no primeiro turno. Ao final de 2009, as intenções de voto para ela chegavam com esforço aos dois dígitos. A oposição imaginava que não teria muitas dificuldades para eleger o seu candidato. Mas a partir de março, quando Lula finalmente “colou” sua imagem à de Dilma, o jogo virou. E virou definitivamente. Quando o candidato José Serra (PSDB) se deu conta disso, já era tarde demais. Coube a ele, com a ajuda da imprensa, partir para o ataque. A campanha que até então estava morna, converteu-se numa lamentável troca de acusações. Foi a pior desde a redemocratização do país.
Os ataques à Dilma Rousseff não renderam votos para Serra. Renderam votos para Marina Silva (PV), candidata do viés “alternativo”. A candidatura Marina Silva cresceu exponencialmente na última semana antes do 1.o turno e a chamada “onda verde” adiou a eleição presidencial. Na prática, Marina Silva e seus eleitores conduziram José Serra ao 2.o turno. Não fosse pela onda verde, Dilma teria vencido sem delongas no dia 03 de outubro. Agora, Marina certamente será relegada ao ostracismo, caso o PV não confirme sua disposição para se tornar um novo caminho para o país.
Bem mais do que Marina Silva, a oposição sai maculada desta eleição. O DEM talvez desapareça fundindo-se com outra legenda. O PSDB passará por uma profunda reflexão. Enfraquecida, a ala paulistana do partido, perderá espaço e influência. Por três vezes escolheu o presidenciável tucano e por três vezes perdeu. Para José Serra, a constatação é mais amarga: restará para ele os limites do Palácio dos Bandeirantes. Ao que tudo indica, Aécio Neves sai fortalecido destas eleições, mas não mais poderá usufruir de FHC e seu legado no discurso opositor. O PSDB deverá apresentar à sociedade um novo modelo de país, uma nova proposta.
Mais até mesmo do que José Serra, quem perdeu foi a imprensa ou a chamada “grande imprensa”. Suspeita e tendenciosa em outras ocasiões, a imprensa brasileira rasgou de vez a fantasia nestas eleições. Até mesmo o mais ingênuo e desavisado leitor/telespectador percebeu o discurso encampado dos jornais e tevês a favor de José Serra. Capitaneada pelos jornais Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, o Globo, revista Veja e redes Globo e Bandeirantes de televisão, nossa imprensa fabricou escândalos a granel, petrificou bolinhas de papel com olhar implacável de Medusa, distorceu, minimizou, tripudiou. Fez tudo o que qualquer jornalista em começo de carreira sabe o que não fazer.
O governo que virá por aí é cercado de dúvidas e receberá um tratamento nada honroso de nossa imprensa. A presidente Dilma Roussef terá dias tormentosos pela frente e no meio do mandato haverá de aparecer um grande escândalo para desestabilizar o governo. A construção do imaginário coletivo de que o PT é a síntese da corrupção e de que o tucanos do PSDB são os vestais do templo vai continuar. Já a construção do herói Aécio Neves, esta dependerá do endosso de São Paulo, provável mas complexo.
Certeza mesmo é de que este governo em nada será semelhante ao governo Lula. Sobretudo no que diz respeito aos programas sociais. Dilma Roussef implatará programas mais arrojados e agressivos. Assim o terá que fazer para “erradicar a miséria” do país, como disse em seu primeiro discurso.


























Engraçado se não fosse trágico, lembro-me muito bem do FOME ZERO…. e o que deu este projeto??? NADA Ninguem nunca mais falou nesse que foi o Carro chefe do Governo Lula em seu primeiro mandato. Na época ele dizia que o objetivo principal era que todo o Brasileiro, fizesse pelo menos 3 refeições por dia. Pelo visto ele deve ter achado a galera meio gorda, e botou todo mundo de dieta.
Infelizmente o Brasileiro tem memória curta. As promessas feitas agora, até o final do próximo ano, já serão esquecidas, e pior, não serão feitas.
Pão e Circo, não necessariamente nesta ordem….
Agora todo mundo é Dilma desde criancinha…
Gente, eu sei que não tem nada a ver com o assunto, mas alguém sabe sobre o caso do casal que sofreu um acidente em Taubaté?
Giacomo, nem precisa aceitar meu comentário.
Qualquer coisa vc responde no meu e-mail!
Obriigada =)
Bia
Sinceramente não sei desse acidente!
abraços
Entre a eloquencia do delírio partidário e a realidade, prefiro a realidade e a realidade é que Dilma deve preocupar-se em não materializar o “mandato tampão”, temor de boa parte dos 80 milhões de eleitores que optaram por dizer-lhe não.
Presa fácil da demagogia e dos infames comícios travestidos de inaugurações, parte suficiente da nação acabou fazendo o de sempre, votando ao léo.
Resta agora, aos cidadãos de sempre, prosseguirmos lutando contra a desinstitucionalização nacional, o STF do Sr. Da Silva, a nossa desindustrialização, a reestatização do mercado, a trilhonára dívida pública, o entumescimento do funcionalismo, a miséria educacional …
Dizem que nada é mais entediante do que observar a grama crescer, mas há sim: ler retrospectiva eleitoral. Por isso mesmo vou parando por aqui.