Serra esteve com Aécio na homenagem a Tancredo Neves, no Congresso Nacional
Antônio Cruz/abr

“Não adianta empurrar, empurrado eu não vou”, disse o governador repetindo frase de Tancredo Neves
O governador Aécio Neves (PSDB) deixou claro nesta quarta-feira (3), em Brasília, que não aceitará pressões para ser candidato a vice-presidente na chapa do governador José Serra (PSDB-SP). “Não adianta empurrar, empurrado eu não vou”, disse Aécio, repetindo frase do ex-presidente Tancredo Neves, seu avô. A declaração foi dada após reunião com lideranças tucanas no Senado. Questionado sobre o assunto, Aécio negou que avalie essa composição, repetindo três vezes a frase: “Eu não cogito essa possibilidade”.
Ao chegar ao Congresso Nacional para participar da sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento de Tancredo, o governador mineiro já havia reforçado que não cogitava a possibilidade de ser vice de Serra, apesar de a cúpula do partido manifestar-se favoravelmente a uma chapa puro-sangue.
“Não há, em Minas, expectativa de que eu seja candidato a vice. Eu tenho que estar em Minas, mergulhado em Minas para poder ajudar a dar a vitória ao nosso candidato ao Governo, o professor Anastasia, e também ajudar o nosso candidato à Presidência da República, no momento em que ele assumir sua candidatura”, afirmou.
Aécio também mostrou ser contrário à estratégia de transformar a campanha deste ano numa disputa plebiscitária entre PSDB e PT. “O brasileiro quer saber quem é que tem as melhores condições de dar continuidade a esse projeto que se iniciou lá atrás, com Itamar, com Fernando Henrique, continuado por Lula, do que saber quem fez mais ou quem fez menos. Quem conseguir mostrar que tem melhores condições de fazer a reforma política, de enfrentar a reforma tributária, a reforma trabalhista, a reforma administrativa, reordenar e reorganizar o Estado brasileiro, é que vencerá as eleições”, declarou.
Na avaliação de Aécio Neves, o Governo Lula não representou nenhuma ruptura em relação ao Governo Fernando Henrique. “Os historiadores, fora do momento das paixões políticas, um pouco adiante, vão analisar o período que se inicia com o presidente Itamar, passa pelos oito anos do presidente Fernando Henrique, vem o Governo do presidente Lula e avança nos programas de transferência de renda, como um só período de continuidade na vida brasileira”, defendeu.
Aécio reafirmou que não poderá ser cobrado pela derrota do PSDB pro não aceite compor a chapa com José Serra. “O homem público é responsável por aquilo que semeia e por aquilo que faz. Eu serei responsabilizado pelos resultados do Governo de Minas Gerais e é uma responsabilidade cuja companhia me fará bem perante a história. Portanto, cada um de nós é responsável por aquilo que faz e eu certamente serei responsável pelos meus atos políticos e, neste momento, a forma de eu ajudar a candidatura do meu partido é estando em Minas Gerais”, comentou.
A resposta negativa a Serra já havia sido dada pelo governador mineiro durante jantar com o colega tucano na terça-feira à noite, no jantar realizado no Palácio das Mangabeiras. Na ocasião, Aécio Neves reafirmou a Serra sua disposição de concorrer a uma vaga no Senado por Minas Gerais nas eleições deste ano.
A movimentação em torno de Aécio para convencê-lo a disputar a vice-presidência da República na chapa de Serra ganhou novo fôlego depois do crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nas pesquisas de intenção de votos.
Pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana revela que a diferença entre Serra e Dilma caiu para quatro pontos percentuais desde dezembro. Na avaliação de correligionários, Aécio seria capaz de dar uma nova sustentação a Serra na disputa presidencial. Além do DEM, o PPS se mobiliza para aprovar manifesto em favor da chapa Serra-Aécio nas eleições de outubro. No manifesto, o PPS afirma que vem defendendo Serra para presidente e Aécio para vice desde o início das articulações para a disputa presidencial.
Ciro critica chapa puro-sangue
Pré-candidato do PSB à Presidência da República, o deputado Ciro Gomes (CE) criticou ontem a chapa puro-sangue do PSDB. Na opinião de Ciro, Aécio tem força suficiente para se lançar candidato à Presidência, e não à vice.
“A turma de São Paulo quer resolver esse problema no gabinete. Querem tirar a política do povo. O Aécio tem delegação para ser presidente, não para ser vice de um cara que impede ele de ser presidente”, afirmou.
Sem poupar críticas a Serra, Ciro Gomes disse que o governador de São Paulo não pensa no partido, mas em um projeto pessoal.

























