Blog informa por meio de mapa áreas inundadas ou de risco, áreas seguras, pontos de coletas de doações, estradas interrompidas, rotas alternativas e locais dos desalojados
REPRODUÇÃO/SITE

Qualquer pessoa pode entrar e alimentar o mapa com informações ou postar notícias
Na noite de sábado (2), a publicitária e escritora paulista Cristiana Soares, 44 anos, assistia aos telejornais e, como milhões de brasileiros, comoveu-se com o rastro de mortes e destruição deixado pelas enchentes em algumas cidades, em especial Angra dos Reis. “Senti vontade de chorar e de ajudar, mas não sou médica. Meu negócio é comunicação”, relembra. Mas, Cristiana é também “@cristalk”, um nome famoso na Internet brasileira. São mais de mil seguidores no Twitter (marca difícil para quem não aparece na tevê), uns 200 amigos no Facebook, está no Orkut e em diversas outras redes sociais.
Ao lembrar-se da credibilidade que tem na Web, Cristiana trocou a tevê pelo computador e passou a arrebanhar internautas para a construção de qualquer coisa na Web que pudesse ajudar às vítimas das enchentes. No domingo (3), 24 horas depois daquela sensação incômoda, entrou no ar o blog Projeto Enchentes, o primeiro site 100% colaborativo e aberto do país que tem como objetivo ser uma uma central de informações importantes em caso de enchentes.
Na prática, o blog informa por meio de mapa áreas inundadas ou de risco, áreas seguras, pontos de coletas de doações, estradas interrompidas por deslizamento de encostas, quedas de pontes ou crateras abertas com as chuvas, rotas alternativas e locais que abrigam as pessoas que foram desalojadas pelas enchentes. Tudo isso em todo o país. “Surgiu do choque diante da tragédia de Angra dos Reis, mas é um projeto nacional e voluntário”, destaca Cristiana.
Qualquer pessoa pode entrar e alimentar o mapa com informações ou postar notícias importantes, inclusive de pessoas desaparecidas em locais atingidos. “Para funcionar, temos que contar com voluntários”, assinala a publicitária, lembrando que foi assim desde o início. Ela lançou um post no Twitter que se multiplicou.
Logo surgiu um webdesigner, um programador que tinha a ferramenta para criar o mapa interativo, um editor para a área de serviços e outro para a de doações. Este tem checado a veracidade dos pontos de coletas indicados pelos internautas. “Temos que cuidar para que sejam informações legítimas, mas não podemos cercar tudo, por exemplo, um desvio errado que alguém indicar maldosamente no mapa. Vou colocar um aviso no mapa de que os dados são passados por colaboradores que, na maioria das vezes, não conhecemos”, conta preocupada.
Cristiana quer que o Projeto Enchentes continue crescendo mesmo depois que as águas baixarem. Para isso, está aberta a sugestões. Entre algumas idéias já recebidas, ela tem discutido a possibilidade de criar ferramentas que acompanhem o destino da doações, normalmente enviadas de todo o país em casos de calamidade, e maior participação de pessoas comuns, que poderiam enviar vídeos feitos com câmeras amadoras ou telefones celulares e até alertas para o site.
Então? Ficou retido horas na estrada por conta de um barranco que caiu ou o asfalto que cedeu? Entra no site e aponte o local, data e, se possível os telefones dos postos das polícias rodoviáras Federal e Estadual ou da Defesa Civil mais próxima. Vai lhe custar um certo tempo, mas poderá poupar vidas e transtornos para muitos. “É um outro papel das redes sociais que muita gente não conhece”, conclui Cristiana.
Leia entrevista completa com Cristiana Soares no Info.com de 11/01.

























