Governo lança política nacional para saúde do homem

Catarina Alencastro – O Globo; Agência Brasil

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante entrevista após lançameto do plano de saúde para o homem - Givaldo Barbosa

RIOO Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira uma série de medidas com o intuito de aumentar a expectativa de vida e reduzir o índices de doenças e mortes entre os homens.

Segundo um comunicado do ministério, a ideia é fazer com que cerca de 2,5 milhões de homens com idades entre 20 e 59 anos procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano. O investimento previsto é de R$ 613,2 milhões até 2011. ( Confira tabela com a evolução das principais causas de óbito entre os homens ao longo do tempo )

” Os homens têm que estar mais ligados “


– É muito comum que os homens só procurem os serviços de saúde quando perdem sua capacidade de trabalho, quando chegam no limite. Os homens têm que estar mais ligados – disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

A chamada Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem tem ações previstas para os próximos dois anos. O programa foi baseado numa pesquisa feita com sociedades médicas brasileiras e conselhos de saúde. Divulgado em 2008, o levantamento ouviu cerca de 250 especialistas e mostrou que a população masculina não procura o médico por conta principalmente de barreiras culturais.

Para o secretário de atenção à saúde, Alberto Beltrame, aspectos culturais e comportamentais estão entre as causas.

” Eles foram educados para não chorar e para manter a couraça de que são ‘machos “


– Os homens são mais resistentes a procurar ajuda. Primeiro, porque têm medo de descobrir a doença, por serem provedores da família. E, depois, têm o pensamento de que nunca vão adoecer – disse Beltrame, ressaltando que os homens também estão mais expostos a acidentes de trânsito e praticam menos atividades físicas que as mulheres.

– Eles foram educados para não chorar e para manter a couraça de que são ‘machos’ – diz.

Meta é aumentar para 50 mil número de vasectomias em ambulatórios

Esperança de vida ao nascer. Fonte: IBGE

De acordo com o Ministério da Saúde, o governo vai aumentar em 148% o valor do repasse para a vasectomia realizada em ambulatórios e em 20% o montante destinado ao procedimento com necessidade de internação. A meta do ministério é passar de 35 mil para 50 mil vasectomias anuais realizadas em ambulatórios em 2010.

Atualmente, cerca de 69% das vasectomias são realizadas com internação, que, de acordo com o ministério, deveria ser destinada a cirurgias mais complexas.

Plano prevê aumento de 20% em ultrassonografias de próstata até 2010

O ministério também prevê o aumento de 20% no número de ultrassonografias de próstata – exame responsável pelo diagnóstico precoce de tumores malignos até o ano que vem. A meta é que o total de procedimentos passe de 78 mil em 2008 para 110 mil até 2010, com um investimento de R$ 4,4 milhões.

A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é de que 49.530 homens tenham câncer de próstata apenas este ano. O número representa uma proporção de 52 casos da doença para cada cada 100 mil homens. Segundo dados do Inca, a taxa de mortalidade por câncer de próstata passou de 6,3 para 13,9, entre 1979 e 2006, um aumento de 120%.

Já o número de cirurgias para tratar patologias e cânceres do trato genital masculino irão aumentar em 10% ao ano, passando de 100 mil, em 2008, para 110 mil, em 2009, e 121 mil até 2010.

Incidência de doenças e de mortalidade é mais alta entre os homens

Ainda segundo o Ministério da Saúde, os homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está mais avançada. Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de sua casa, eles precisam procurar um especialista, o que gera maior custo para o SUS.

O governo alerta que a não adesão às medidas de saúde integral por parte dos homens leva ao aumento da incidência de doenças e de mortalidade. Números do Ministério da Saúde mostram que, do total de mortes na faixa etária de 20 a 59 anos – população alvo da nova política -, 68% foram de homens. Ou seja, a cada três adultos que morrem no Brasil, dois são homens, aproximadamente. Os últimos dados de óbitos consideram o ano de 2005.

Além disso, números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, embora a expectativa de vida dos homens tenha aumentado de 63,20 para 68,92 anos de 1991 para 2007, ela ainda se mantém 7,6 anos abaixo da média das mulheres. E estão mais propensos a desenvolverem hipertensão, diabetes, AVC (acidente vascular cerebral) e doenças cardíacas.

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