SÃO PAULO – A Polícia Civil enviou nesta terça-feira à Justiça o inquério contra o casal suspeito de colocar 31 agulhas no corpo de um menino de 2 anos e 7 meses em Ibotirama, cidade a 676 quilômetros de Salvador. O padrasto do garoto, Roberto Carlos Magalhães, foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado. Já a amante dele, Angelina Capistana dos Santos, de 47 anos, responderá por coautoria no crime. A suposta mãe de santo Maria dos Anjos Nascimento, a Bia, que também chegou a ser acusada inicialmente pelo crime, acabou liberada na semana passada por falta de provas. Ela não foi indiciada no inquérito.
No inquérito foram ouvidas, entre outras testemunhas, pessoas que emprestaram ou venderam as agulhas a Magalhães. Segundo confissão feita à polícia, ele diz ter colocado as agulhas para matar o garoto e assim se vingar de sua mãe, com quem vive.
” Além de o padrasto ter negado as acusações que fez no começo do processo (ao acusar a suposta mãe de santo), não encontramos nada que a incriminasse nas investigações que realizamos “
Além de o padrasto ter negado as acusações que fez no começo do processo (ao acusar a suposta mãe de santo), não encontramos nada que a incriminasse nas investigações que realizamos – disse o delegado Hélder Fernandes Santana, titular do distrito policial da cidade onde o caso foi registrado.
O delegado também negou que Bia fosse mãe de santo.
– Ela é apenas uma benzedeira, como muitas que existem pelo interior do país – disse.
Segundo Santana, Angelina continua presa na única cadeia da cidade. Já Roberto Carlos, em prisão preventiva desde 16 de dezembro, teve de ser transferido para outra cidade depois que um grupo de umas 300 pessoas tentou invadir a delegacia para linchá-lo.
– Tivemos que chamar a Caesa (Companhia Independente de Ações Especiais do Semi-Árido, o batalhão de choque que atende a região) para controlar a multidão -conta o policial.
Sem dar detalhes da localização do suspeito, por motivos óbvios, ele só revelou que o preso teve seus cabelos cortados, para evitar piolhos.
Nesta segunda-feira, o garoto foi submetido à terceira cirurgia para retirada das agulhas no Hospital Ana Nery, na Capital baiana. A previsão é que ele deixe a UTI ainda nesta semana e tenha alta dentro de 15 dias. Foram retiradas 22 agulhas da criança, que deverá passar por novas radiografias e tomografias que darão a localização exata das 9 restantes.
Segundo o médico Roque Aras, da equipe responsável pela cirurgia, que durou quatro horas, o menino terá de ter acompanhamento médico por pelo menos cinco anos. Uma das agulhas que atingiram o coração da criança lesou a válvula mitral, que foi reparada mas precisará ser monitorada pelos médicos. Para esse cuidado, o menino deverá fazer ecocardiogramas semestrais.


























