O Globo
RIO – Os médicos do menino de 2 anos que está internado em Salvador, na Bahia, com dezenas de agulhas espalhadas pelo corpo decidem até quarta-feira quando ele deve ser operado novamente. De acordo com a equipe de médicos do Hospital Ana Néri que atende a criança devem ser retiradas mais duas agulhas que estão no abdômen da criança e que ameaçam o intestino e a bexiga. Os médicos não devem operar o fígado, como estava inicialmente previsto, pois trata-se de uma cirurgia extremamente delicada, informou o hospital. A cirurgia no abdômen, que estava prevista para esta segunda-feira, foi adiada porque exames mostraram que a infecção provocada pelas agulhas está sob controle. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, os médicos preferiram que a criança se recupere por mais alguns dias da cirurgia no coração e no pulmão feita na sexta-feira . A criança está com dreno nos dois órgãos para evitar hemorragia.
Uma terceira cirurgia deve ser realizada para tirar um agulha da coluna cervical. O estado da criança ainda é grave e ela está na Unidade de Terapia Intensiva. Ela permanece respirando sem a ajuda de aparelhos, sem febre, consciente e brinca e conversa com a mãe.
Na sexta-feira, após mais de quatro horas de cirurgia, os médicos retiraram quatro agulhas – duas no coração e duas no pulmão. Uma das agulhas havia transfixado o coração, provocando endocardite, uma infecção no órgão, detectada por causa da febre que o garoto teve durante a madrugada. A outra havia perfurado o pulmão. Participaram da intervenção cinco médicos, entre eles cardiologistas e pediatras.
As agulhas foram colocadas pelo padrasto da criança, o ex-ajudante de pedreiro Roberto Carlos Magalhães. Nesta segunda-feira,a Justiça decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária dele e de duas mulheres que também teriam participado do crime.
Magalhães disse, em entrevista ao Fantástico neste domingo, que queria matar o garoto para se vingar da mãe , a doméstica Maria Souza dos Santos. Durante a conversa, realizada na cadeia de Ibotirama, Roberto Carlos detalhou o ritual de tortura.
Primeiro a criança era dopada com um mistura de vinho e água para fazê-la desmaiar. Em seguida, 10 agulhas eram introduzidas nas pernas e na barriga, com ajuda de duas mulheres: Maria dos Anjos Nascimento e Angelina dos Santos , de quem diz ser amante. As duas, no entanto, negam participação no ritual.
As constantes brigas com a mãe do garoto teriam sido o motivo da vingança. Neste momento, o quadro do menino é estável.
– Foi uma ideia de louco. Eu brigava mais a mulher, passava 10, 20 dias de mal. Aí comecei a fazer essa palhaçada besta de matar o menino. Era para atingir a mãe. Eu achava que as agulhas iam caminhar no corpo e matar ele – disse ao Fantástico.
Roberto Carlos afirmou que repetiu o ritual durante um mês e que acreditava que ninguém ia descobrir.
– Eu enfiava as agulhas e o menino chorava, corria. Depois eu o levava para o hospital e os médicos davam soro para o menino lá. Aí, eu voltava para casa e começava tudo de novo. Mas era para atingir a mãe do menino. Eu estou arrependido – falou ao Fantástico.


























