Presidente da Câmara Legislativa se afasta do cargo por 60 dias

Leonardo Prudente (DEM) aparece em vídeo colocando dinheiro recebido do secretário exonerado do Distrito Federal Durval Barbosa na meia

Da Redação Jornal Hoje em Dia

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Prudente disse que colocou o dinheiro nas meias e no terno por “questão de segurança”

O presidente da Câmara Legislativa do DF, Leonardo Prudente (DEM), decidiu se afastar por 60 dias do cargo nesta terça-feira (1º). Ele aparece em vídeos do escândalo do mensalão do DEM de Brasília, que começou no dia 27 de novembro, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Caixa de Pandora. No inquérito, o governador José Roberto Arruda é apontado como o comandante de um esquema de distribuição de propina a deputados distritais e aliados.
O deputado Junior Brunelli (PSC), corregedor da Casa, também vai se afastar do cargo. Ele, que também foi gravado recebendo maços de dinheiro, já está de licença médica desde o dia 25. Segundo Chico Leite (PT), a ideia é construir “um nome de consenso” para substituir o corregedor.

Os deputados também decidiram instaurar a CPI da Corrupção para averiguar as denúncias das supostas propinas recebidas por parlamentares. Eles também vão estudar a instauração de um processo de responsabilidade pelo menos contra o governador José Roberto Arruda (DEM).

O novo presidente da Casa, deputado Cabo Patrício (PT), convocou uma reunião do colégio de líderes para esta quarta-feira (2) para tentar acertar um calendário de votações. Ao G1, Patrício afirmou também que já autorizou o início do processo de quebra de decoro parlamentar contra nove deputados.

Na segunda-feira (30), Prudente disse que usou o dinheiro que recebeu do secretário exonerado do Distrito Federal Durval Barbosa – e colocou nas meias – como “ajuda financeira não contabilizada” para a campanha de 2006. Segundo Prudente, ele colocou o dinheiro nas meias e no terno por “uma questão de segurança”.

“Foi-me oferecida ajuda financeira em dinheiro para a campanha de 2006. Eu recebi o dinheiro e coloquei o mesmo nas minhas vestimentas em função da minha segurança. Eu não uso pasta”, disse. Segundo Prudente, a “Justiça vai dizer se é crime eleitoral” o fato de ter recebido dinheiro de caixa 2 na campanha. “Estou admitindo que recebi o dinheiro”, afirmou.

Cronologia das denúncias envolvendo o governo do DF
27 de novembro – Com autorização do STJ (Superior Tribunal de Justiça), a Polícia Federal deflagrou na última sexta-feira (27) a Operação Caixa de Pandora, que inicialmente investiga fraude em licitações no governo do Distrito Federal. Foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão em Brasília, Goiânia e Belo Horizonte. As buscas incluíram a residência do governador e de seus aliados. A PF apreendeu R$ 700 mil em dinheiro, US$ 30 mil e 5.000 euros nos 24 endereços onde foram realizadas as ações de
busca e apreensão.
27 de novembro – Arruda exonera o secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que gravou imagens do governador supostamente oferecendo propina para parlamentares da base aliada. Arruda também afasta dos cargos outros quatro assessores diretos: José Luiz Valente (secretário de Educação); José Geraldo Maciel (secretário-chefe da Casa Civil); Fábio Simão (chefe de gabinete); e Omézio Pontes (assessor de Imprensa do governo do DF).
28 de novembro – Recluso em sua residência oficial, Arruda decide que vai permanecer no cargo e se defender, informa Fernando Rodrigues em seu blog.
28 de novembro – Um dos vídeos gravados pelo ex-secretário Durval Barbosa mostra Arruda recebendo dinheiro.
29 de novembro – DEM divulga nota e exige que Arruda esclareça as denúncias.
29 de novembro – Arruda e seu vice, Paulo Octávio (DEM), se manifestam pela primeira vez sobre as denúncias e negam participação em suposto esquema de corrupção.
30 de novembro – A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o PSOL e o PSB defendem o impeachment de Arruda.
30 de novembro – Flagrada em vídeo, deputada distrital Eurides Britto se diz perplexa e alega que gravação foi deturpada.
30 de novembro – Flagrado em vídeo, o presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Leonardo Prudente (DEM), diz que guardou dinheiro em meia por segurança e denuncia chantagem.
30 de novembro – Vídeo mostra aliados de Arruda orando após receber propina.
30 de novembro – Câmara Legislativa do DF dá início a processo contra oito deputados por quebra de decoro parlamentar.
30 de novembro – Arruda faz o primeiro esclarecimento público sobre as denúncias de corrupção. Ele disse que vai “lutar até o fim” para provar que é inocente das acusações.
30 de novembro – Após as denúncias, PDT, PPS e PSB deixam governo do DF e defendem afastamento de Arruda do cargo.
1º de dezembro – Câmara do DF recebe dois pedidos de impeachment contra Arruda.
1º de dezembro – Em nota, Arruda diz que apresentará provas irrefutáveis” de inocência e nega ameaças para pressionar o DEM.

1º de dezembro – Aliado do DEM, PSDB deixa governo de Arruda e cobra respostas rápidas às denúncias. É o quarto partido a sair do governo do DF.

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