De acordo com delegado, presos recapturados são considerados de alta periculosidade.
Um médico da Secretaria de Saúde de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, identificado somente pelas iniciais A.F.R.J., foi preso na manhã de segunda-feira (30), na Operação Filho Pródigo, da Polícia Federal (PF), suspeito de conceder atestados médicos falsos para que detentos da cidade fossem favorecidos com prisão domiciliar. Sete presidiários que receberam benefícios foram recapturados, e seis mandados de busca e apreensão, cumpridos pelos agentes nas casas dos suspeitos.
Segundo o delegado Daniel Ladeira Carvalho, os presos são considerados de alta periculosidade, acusados de sequestro, latrocínio, tentativa de homicídio contra policiais, tráfico de drogas, roubo de carga e receptação de mercadorias. Um deles foi detido dirigindo um carro furtado, no último domingo (29).
Os detentos também não tiveram os nomes divulgados pela PF. “Eles são condenados por múltiplos crimes e podem voltar a praticá-los, estando nas ruas”, alega o delegado. “Estamos investigando se praticaram outros crimes no período em que estiveram fora da cadeia”.
Uma enfermeira que trabalhou na rede municipal de Saúde de Uberlândia – o nome não foi divulgado –, está sendo investigada e pode ter a prisão preventiva decretada nos próximos dias, informou Daniel Ladeira. “Chegamos até ela depois de denúncia anônima. De acordo com o que já apuramos, a mulher seria responsável pela distribuição dos atestados”, conta. Os profissionais da Saúde trabalhavam na Unidade de Pronto-Atendimento (UAI) da Pampulha, na cidade. O médico ainda estava exercendo a função na unidade, mas a enfermeira já havia sido afastada do trabalho – o motivo do desligamento não foi revelado.
A Polícia Federal começou a investigar o esquema de fraude há cerca de 20 dias, quando foi informada pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Serviço de Inteligência do Sistema Prisional de Minas Gerais sobre a proliferação de atestados falsos na Penitenciária Regional Professor João Pimenta da Veiga e no Presídio Professor Jacy de Assis, em Uberlândia. As duas unidades, juntas, abrigam cerca de 1.900 presos. “O médico emitia os atestados baseado em exames falsos e, em alguns casos, nem exames eram apresentados”, disse o delegado.
Em nota, a secretaria informou que o médico já estava sendo monitorado há alguns meses. “A Secretaria confrontou atestados por ele emitidos e registros do Programa Municipal de Tuberculose e encontrou divergências entre os diagnósticos do médico e de outros profissionais da secretaria, o que fez com que a Polícia Federal fosse informada e passasse a investigar o caso”, informou a nota. “Foi a partir do confronto de informações e da averiguação de que os presos não eram portadores da doença que descobrimos o esquema criminoso”, afirma Ladeira.
A PF apurou que o atestado mais antigo foi emitido pelo médico suspeito em 2008. “Ainda não sabemos como começou e por quem. Vamos investigar se há mais pessoas envolvidas”, disse o delegado. Os preços cobrados pelos atestados falsos e o número de detentos que teriam recebido o benefício não tinham sido apurados pela polícia até o início da tarde de segunda-feira (30).
A PF descartou o envolvimento de agentes penitenciários no esquema e afirmou que eles contribuíram com informações importantes para as investigações. Os presos na operação foram ouvidos nesta segunda (30) na sede da PF de Uberlândia e seriam encaminhados para a cadeia, onde vão ficar à disposição da Justiça.

























