42 estações vão alertar para enchentes em BH

 

Equipamentos de monitoramento meteorológico serão instalados no primeiro semestre de 2010

 

Mateus Parreiras e Jaqueline da Mata- Repórteres Jornal Hoje em Dia

 

REPRODUÇÃO/INTERNET

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Estação compacta e automática similar à que será usada na capital mineira

EUGÊNIO MORAES

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Padaria na Avenida Silva Lobo teve prejuízo de R$ 30 mil com a perda de alimentos

Do alto de postes, sobre semáforos ou no interior das galerias subterrâneas e da rede de córregos, 42 estações compactas e automáticas de hidrometeorologia serão instaladas e entrarão em funcionamento em várias regiões de Belo Horizonte, até o primeiro semestre de 2010.

 

O equipamento, adquirido pelo Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) por R$ 2.399.537,99, vai aferir as condições climáticas e regimes de água, alertando os órgãos de defesa civil para evacuações e interdições de locais inundáveis antes que esses fenômenos se agravem.

A Secretaria Municipal de Políticas Urbanas informa que cada aparelho tem sensores preparados para medir uma série de condições, como o índice pluviométrico de uma área mais alta, nível dos córregos e ribeirões de uma bacia, temperatura, umidade relativa do ar, direção e velocidade dos ventos e pressão atmosférica. Os aparelhos estarão em contato constante com uma Central de Inteligência, montada na Sede da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Belo Horizonte.

Segundo o coordenador executivo do Programa de Recuperação Ambiental do Município de Belo Horizonte, Ricardo de Miranda Aroeira, os equipamentos terão baterias reservas e painéis solares para que não falte energia elétrica para as medições.

 

As informações de cada uma dessas máquinas serão transmitidas on line por linhas de duas operadoras para que não haja risco de ficar sem o serviço, uma vez que ele seja instalado. “O conjunto de dados será concentrado na Central de  Inteligência. No caso de uma emergência iminente de cheia, por exemplo, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Urbel e órgãos de trânsito serão alertados por mensagens para remover moradores de áreas em risco e conter o tráfego”, afirma.

 

Uma vez instalado e em operação, o próximo passo será fornecer esse tipo de serviço numa página da Internet, como faz hoje a BHTrans. “A homepage teria indicações das medições e os locais onde os motoristas e moradores deveriam ficar alertas”, disse Aroeira.

Outra medida preventiva que dever estar ativa até fevereiro de 2010 são os 37 Núcleos de Alerta de Chuvas (NACs). Os grupos são formados por 300 voluntários das áreas mais afetadas pelas enchentes e desmoronamentos. Eles estão sendo capacitados pelos órgãos de defesa civil para mobilizar os moradores em momentos de  emergência sinalizados por alarmes como os do sistema de estações.

As chuvas de ontem, por exemplo, afetaram de alguma forma mais de 68 mil pessoas de 41 cidades de Minas Gerais. Deste total, 1.085 estão desabrigadas e 3.718 desalojadas. Quinze municípios decretaram situação de emergência. Os dados são da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec).

O meteorologista da Cemig Ruibran dos Reis diz que a forte chuva de segunda-feira foi causada pelo choque entre uma frente fria que estava prevista pra chegar ao Estado e uma massa de ar quente. Nas regiões Centro-Sul e Oeste de Belo Horizonte o índice pluviométrico foi de 26 milímetros (mm). Na Leste e na Nordeste da capital, o índice atingiu, respectivamente, 35 mm e 29 mm.

Segundo o meteorologista, a incidência desse volume de chuva em meia hora, período que durou o temporal, é um número bastante significativo. “Choveu 15% do que estava previsto para todo o mês de novembro. Os ventos chegaram a atingir a velocidade de 47 quilômetros por hora na Região Centro-Sul”, disse Reis. Nos próximos dois dias, a temperatura deverá ter redução de quatro graus, quando uma nova frente fria chega à Região Sudeste vinda do Rio Grande do Sul.

Prejuízos com a falta de energia: histórias se repetem

 

Sem luz por mais de 15 horas, o proprietário de uma padaria localizada na Avenida Silva Lobo 522, Renato Brasil, contabilizou um prejuízo de aproximadamente R$ 30 mil. Com a forte chuva, na noite de segunda-feira, uma árvore em frente ao seu comércio caiu, arrancando um poste de energia elétrica.

 

Ele fabrica mais de 200 itens e tem 70 funcionários que foram forçados a ficar parados, na terça-feira (17), boa parte do dia. Como ele, outros 140 mil consumidores ficaram sem luz de segunda para terça-feira na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Até o final da tarde, 5 mil ainda estavam sem energia.

 

Trinta minutos de temporal foram suficientes para derrubar cerca de cem árvores, alagar ruas e deixar dezenas de semáforos em pane, complicando o trânsito da capital.

 

O tempo deve melhorar hoje, mas é esperada ainda mais chuva para o final de tarde, como destacou o meteorologista da Cemig Ruibran dos Reis. “No ano passado, eu liguei para a Prefeitura de Belo Horizonte para avisar que a raiz desta árvore estava podre. Eles disseram que já tinha vindo e que ela não apresentava risco.

 

Aí está o resultado”, reclamou o proprietário da padaria. A queda do poste, por volta das 18h30 de segunda-feira, provocou três explosões. Na padaria, pela manhã, os funcionários ficaram por conta de retirar os produtos perecíveis (tudo feito no escuro), como iogurtes, salgados, queijos, presuntos para jogar fora. Os pães foram embalados para serem doados. “Não sei nem se vou reclamar, pois acho que nada será feito.

 

A PBH não retirou a árvore quando reclamei e a Cemig até agora não veio aqui, talvez por eu ter sido o único consumidor prejudicado da região”, desabafou. Segundo a assessoria de imprensa da Cemig, a demanda na cidade foi muito grande e, como no local havia apenas um consumidor, só no começo da tarde, os técnicos foram enviados ao local.

Na terça-feira (17), na cidade, ainda se viam rastros da chuva de segunda. Na Avenida Amazonas, uma árvore de grande porte caiu arrancando placa de sinalização e complicando o trânsito. Outras árvores do canteiro central da Amazonas também foram derrubadas pelo vento e ficaram espalhadas pela avenida e passeios entre os bairros Barroca e Nova Suíça.

Na Rua Padre Eustáquio, no Carlos Prates, onde o muro de um prédio abandonado desabou na noite de segunda-feira (16)  atingindo dois veículos, peritos da Polícia Civil avaliaram os destroços. De acordo com o perito Eduardo Almeida, a obra é muito antiga e conta com pilares de tijolo maciço sem amarração de ferragens. “Além disso, o muro tem 6 metros de altura e, com a trepidação dos carros na via, a estrutura não resistiu. A outra parte ainda corre risco de desabar. O local deverá ser isolado”, disse o perito.

Eduardo Gherardi, 34 anos, que estava num dos carros atingidos pelo muro, continuava ontem internado no HPS. Ele teve fratura na vértebra e por pouco não ficou paraplégico, segundo os médicos.

Neste mesmo bairro, na Rua Patrocínio, consumidores ficaram sem energia elétrica. Foi o caso de uma loja de bilhar, onde funciona também uma serralheria. Segundo o vendedor Sênior Eustáquio Mendes Ferreira, o prejuízo foi grande, apesar de não ter sido calculado. Os alunos do Colégio Magnum, do Bairro Nova Floresta, também tiveram que assistir aulas no escuro.

Em Lagoa da Prata, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o fornecimento de energia elétrica também foi prejudicado. A aposentada Carmem Cardoso Franco Alvarenga, que mora no Bairro Lagoa das Mansões disse que perdeu todos os congelados do freezer. “Ficamos sem luz das 18h50 de segunda-feira até 11h20 de terça-feira. Um absurdo”, disse.

Segundo a assessoria de imprensa da Cemig, o restabelecimento de energia para os 5 mil consumidores que até a terça-feira estavam ainda às escuras iria demorar mais algumas horas “em virtude da complexidade de algumas ocorrências, que demandam mais tempo para sua solução”.

 

Esses consumidores, ainda de acordo com a empresa, estavam pulverizados na Região Metropolitana de Belo Horizonte e deveriam ter o fornecimento de energia completamente normalizado até o final da noite. A empresa alegou ainda que uma das principais dificuldades verificadas foi o grande número de quedas de árvores sobre a rede elétrica, que provocou o rompimento de cabos de distribuição de energia e o comprometimento da estrutura de vários postes.

A Cemig informou que a tempestade ocorrida na noite de segunda-feira (16) foi causada pelo choque entre uma frente fria que estava prevista para chegar ao Estado e uma massa de ar quente. As regiões mais atingidas foram Centro-Sul, Leste, Noroeste, Oeste e Norte, com os bairros Santo Agostinho, Sion, Gutierrez, Prado, Calafate, Sagrada Família, Cidade Nova, Renascença, Barreiro, Venda Nova, e alguns pontos em Contagem.

 

No período entre as 18h30 e 22 horas de segunda-feira, a Central de Atendimento ao Cliente da companhia registrou mais de 110 mil ligações. Em dias normais são 7.500 chamadas.

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