Projeto com garrafa PET em MG leva prêmio nacional

 

Produtos originados do Projeto Recicla Cerrado são trocados por garrafas plásticas que seriam jogadas em lixo comum, incentivando a coleta seletiva entre moradores

 

Douglas Fernandes – Da Sucursal Jornal Hoje em Dia

 

INSTITUTO IPÊ CULTURAL

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Antônio Marques passou de triador de material a supervisor do Projeto Recicla Cerrado


DIVINÓPOLIS – Consciência ambiental e reciclagem. Foi com esses dois fatores que o projeto “Recicla Cerrado” venceu o 10º Prêmio EcoPET, na Categoria Artesanato, concedido pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), que reúne a cadeia produtiva do setor no Brasil.

 

O Instituto Ipê Cultural, sediado em Uberlândia, na Região do Triângulo Mineiro, é o idealizador do projeto criado em junho deste ano. Além de reaproveitar materiais que seriam descartados na natureza, o instituto estimula a conscientização ambiental. Agora, o desafio é manter o trabalho em funcionamento.

“Agregamos valor ao material reciclado, nesse caso, as garrafas PET. Elas são transformadas em caixas, ‘porta trecos’, cestos, mandalas e até luminárias. Os artesãos que trabalham com a gente são ex-triadores de material reciclável que se transformaram em artesãos”, disse o responsável pelo setor administrativo do Instituto Ipê Cultural, André Felipe Correa Portezan. O curso de artesão tem carga horária de oito horas por dia, duração de sete meses e é ministrado pela artista plástica Adriana Honório.

Segundo André Portezan, atualmente, 11 agentes são beneficiados com o projeto porque, além de aprender o artesanato, têm direito a uma bolsa auxílio de R$ 300, tratamento odontológico e psicológico, atendimento de nutricionistas, corte de cabelo e bolsas de estudo.

 

O Instituto tem o apoio da Associação dos Recicladores e Catadores Autônomos de Uberlândia (Arca) e é uma extensão do Projeto Animais do Cerrado, que conta com uma coleção de camisetas, desenvolvida sob os conceitos de Cultura Verde, tendo como matéria prima o PET reciclado. “Nossa grande dificuldade é conseguir verbas para manter o projeto em funcionamento. Estamos procurando parcerias junto aos empresários da cidade, mas, caso não haja interessados, o Recicla Cerrado poderá não ter continuidade a partir do próximo ano” .

Com a intenção de conscientizar a população sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente, o Instituto Ipê Cultural decidiu destacar o sentido ecológico da atividade e readequar a logística da coleta seletiva. Para isso, a entidade incentiva a Coleta Seletiva Ativa, fazendo com que os próprios moradores separem e levem até os postos de troca o material reciclável.

 

“Criamos um sistema de troca de pontos. Cada garrafa PET levada até um posto de troca vale um cupom. Juntando esses cupons, os moradores podem trocar pelos artesanatos feitos no Recicla Cerrado. Essa proposta tem funcionado tão bem que houve aumento do material que não vale cupom. Acredito que a iniciativa tem conscientizado as pessoas”, destaca.

Consciência ambiental entra no cotidiano

Para o ex-triador e atual supervisor do projeto Recicla Cerrado, Antônio José Marques, 21 anos, a consciência ambiental é fator primordial para a preservação do meio ambiente. “Antes de trabalhar nessa área de reciclagem, eu não me preocupava com a natureza. Quando me tornei triador e, logo depois, artesão, aqui no Instituto, percebi o quanto é importante reciclar materiais que seriam jogados no lixo, como garrafas PET”.

Antônio conta que, hoje, o trabalho de coleta seletiva já faz parte do seu cotidiano e, também, das pessoas a sua volta. “Não tem como separar. Em casa e na casa dos vizinhos, a gente atua como multiplicador, orientando as pessoas sobre os benefícios da coleta e o modo como ela deve ser feita. Interessante é que as pessoas nos procuram querendo algum tipo de artesanato e a gente pede que separem o material, no caso as garrafas plásticas, e eles entram na onda. Tomara que, para o próximo ano, o projeto continue para poder ajudar e conscientizar mais pessoas”, disse.

O Instituto Ipê de Produção Cultural foi criado em setembro de 2006. A entidade não tem fins lucrativos e, promove iniciativas de caráter sustentável, disseminando, por meio de palestras e eventos, a Responsabilidade Cultural, Social e Ambiental.

Ação aumenta o volume reaproveitado


O trabalho de conscientização ambiental realizado pela Abipet em conjunto com consumidores, triadores e recicladores de material PET fez com que o volume de garrafas reaproveitadas crescesse 14 vezes em 13 anos, entre 1994 e 2007.

 

De acordo com os dados do 4º Censo da Reciclagem no Brasil, a quantidade do produto que teve a destinação correta em 2007 corresponde a 53,5% das 432 mil toneladas de novas embalagens que foram produzidas em todo o país. Quando lançado no meio ambiente, o material demora em torno de 150 anos para se decompor. O acúmulo desse produtos provoca grande volume nos aterros sanitários, diminuindo a vida útil dessas áreas.

O PET (politereftalato de etileno) pode ser reciclado de três maneiras – química, energética ou mecanicamente. A reciclagem química é utilizada também para outros plásticos. Ela separa os componentes das matérias-primas originais do PET, “desmontando” o polímero.

 

É um processo que não está em uso no Brasil. Já a reciclagem energética utiliza o calor gerado com a queima do produto na geração de energia elétrica – usinas termelétricas -, alimentação de caldeiras e altos-fornos. O PET tem alto poder calorífico e não exala substâncias tóxicas quando queimado. Praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa pelo processo mecânico, que pode ser dividido em recuperação, revalorização e transformação.

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