Eles entregaram um projeto aos vereadores que garante o comércio nas vias públicas sem desrespeitar a norma do Contran

Por William Sanches

A mobilização dos pasteleiros de Pouso Alegre começou em junho deste ano quando foi publicada, na imprensa, uma carta aberta. Posteriormente, o advogado da Asseasapa (Associação dos Empreendedores Autônomos do Segmento de Alimentação de Pouso Alegre) Alessandro Vieira Mendes encaminhou um projeto para o Departamento Municipal de Trânsito, mas não houve nenhuma resposta.

A luta, agora, chegou à Câmara Municipal. O mesmo projeto foi entregue aos vereadores. “O projeto foi apresentado aos vereadores, será analisado pelo jurídico da Câmara e se houver a necessidade de fazer algumas modificações elas serão feitas, mas o primordial é permitir que o pasteleiro continue trabalhando onde ele está. Nós estamos tentando abrir um diálogo com a prefeiura, então viemos à Casa do Povo que é o Legislativo apresentar esse projeto e esperamos que os vereadores o recebam e dêem a ele a análise que merece”.

ela resolução do Contran não pode haver, nas vias públicas espaços destinados para usos particulares, exceto taxis, estacionamento para idosos ou deficientes fisicos. Segundo o advogado o projeto apresentado ao Legislativo usa uma brecha nessa resolução para permitir que os pasteleiros continuem trabalhando no local onde eles estão sem desrespeitar a lei. “Se não houver o apoio dos vereadores vamos buscar esse apoio junto à população através de assinaturas para que seja apresentado um projeto de lei de iniciativa popular”.

O tradicional pastel de farinho de milho de Pouso Alegre foi declarado patrimônio cultural imaterial em 2009, uma luta que começou quatro anos antes. A expectativa da categoria é de que haja o apoio da Câmara e da Prefeitura para que os comerciantes continuem seu trabalho, sustentando suas famílias e fomentando o turismo.

“ Temos um entimento de crescer, de ajudar no turismo, temos vários projetos, entre eles o projeto de reciclagem de lixo que seria implatado na nossa próxima Festa dos Pasteleiros, conscientizando a população sobre a importância de não se sujar as ruas. Desde 2005 trabalhamos pelo reconhecimento do pastel como bem cultural para colocá-lo no cenário turístico e agora, junto ao prefeito e vereadores nós esperamos o apoio para que juntos possamos fazer algo cada vez melhor para Pouso Alegre”, explicou o presidente da Asseassapa Claudinei Aparecido Marcantônio.

Durante a sessão da Câmara foi realizada uma primeira reunião entre os pasteleiros, vereadores e representantes do Executivo. Ficou definida uma audiência para a apresentação do projeto ao prefeito. A luta da categoria recebeu o apoio dos edis.

“Pouso Alegre tem que preservar alguma coisa. Claro que tem que ser estruturado para que a cidade não fica desestruturada como está o Centro. Uma negociação dentro das normas da Vigilância Sanitária, dentro das normas de trânsito, mas que para eles possam estar defendendo seus interesses”, salientou a vereadora Rogéria Ferreira.

“Os pasteleiros sempre tiveram o meu apoio mesmo antes da política. Acredito que o povo de Pouso Alegre e nós vereadores devemos respeitar o direito adquirido. Eles merecem ser atendidos com carinho.Vamos procurar os meios legais para podermos amparar essas pessoas que sobrevivem e sustentam a familia através dessse trabalho além de ser um atrativo turistico para a cidade”, concluiu o vereador Laércio Faria Machado.

História da Pastel de Farinha

De acordo com o presidente da Asseasapa e pasteleiro Claudinei Marcantonio, a história do pastel de farinha de milho começou em 1819, na antiga Vila Itagyba, atualmente Município Delfim Moreira. Imigrantes que ali estabeleceram residência ficaram sem farinha de pão para se alimentar e, não tendo outra alternativa, improvisaram.

Eles utilizaram farinha de milho e polvilho. No interior da massa modelada em forma de um bolinho eles rechearam com carne de caça e fritaram com gordura de capivara.”Essa mistura, além de alimentar, ficou muito saborosa e durante os anos seguintes os moradores preparam essa iguaria na festa da padroeira da cidade. O pastel se espalhou para outras localidades do sul de Minas e a tradição e o modo de preparar a massa foi passando de geração em geração”.

Pouso Alegre é a cidade de maior tradição no preparo do pastel de farinha de milho. Desde o tempo do mercado velho já se vendia o pastel. Atualmente a maioria dos pasteleiros trabalha na região do Centro da cidade. Cada um tem um segredo peculiar no preparo. Uns modificam a massa, deixando-a mais espessa ou fina. Outros dizem que o segredo está no ato de escaldar a massa com a farinha.

Patrimônio Cultural Imaterial

A Asseasapa, criada em 2005, manifestou ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Histórico e Cultural de Pouso Alegre o interesse pelo processo de registro do pastel de farinha como bem cultural em reunião no dia 17 de novembro de 2005.

O processo teve início em 2006 com a integração do pastel no IPAC – exercício 2007. Foi feito o dossiê do bem e, em seguida, o Edital de Processo de Registro que ocorreu em 10 de novembro de 2008. O objetivo era dar ciência à comunidade e para serem recebidas as manifestações favoráveis e contrárias à iniciativa de registrar o pastel de farinha de milho como bem imaterial do município.

Em 26 de março de 2009 o Conselho deliberou favoravelmente ao registro. A decisão foi ratificada em 21 de maio de 2009.

FONTE:TVUAI